tag:blogger.com,1999:blog-73491240856768745072024-03-21T00:17:43.296-07:00CAFÉ DO MURINGACom alguma dose de humor e grandes quantidades de café, este blog irá entrar no seu pedido do dia.Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.comBlogger63125tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-92088944798124374282013-02-25T22:38:00.002-08:002013-02-25T22:38:36.023-08:00E não era Carnaval.<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Este texto não é recomendado para menores de 18 anos por conter temática adulta. Tema: sexualidade, agressão, sexo, preconceito, e etc.</div>
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 24.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-size: 26pt; line-height: 115%;">T</span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">odo ser humano, independente de cor,
orientação sexual, classe social, e idade, tem um segredo. Não importa o quão
puro e honesto você seja. Sempre haverá algo sombrio guardado em seu imo. Acho
que talvez isso seja da natureza humana. Não sei. Hoje eu contarei segredos.
Meus segredos.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Há algum
tempo atrás, num passado não distante, eu era um rapaz como outro qualquer.
Tinha meus sonhos, minhas ambições, e claro, meus segredos.<br />
Cresci numa família de fé, no meio de mais quatro mulheres. Sendo elas minha
mãe, duas irmãs – uma mais nova e uma mais velha –, e minha avó.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Meu pai
sempre foi um chucro, batia constantemente em todos nós, inclusive em sua mãe
idosa. Ele sempre me tratou como menina,
me invalidava sempre que possível. Por eu ser franzino me humilhava
verbalmente, me fazia motivo de chacota. Mas seu alvo principal era minha
mãe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele gostava
de “tomar umas” após deixar a fábrica e sempre chegava bêbado. Fedia a cachaça
e cigarro, me lembro bem. Os olhos inchados e vermelhos, pequeninos, procuravam
por alguém. A quem seus olhos recaíssem primeiro era também quem receberia os
primeiro golpes. Geralmente socos e pontapés. Isso era uma rotina, até o dia em
que eu me tornei maior de idade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando
completei dezoito anos decidi entrar para a Polícia Militar. Meu pai duvidou
que eu conseguisse, mas mesmo assim o fiz.
Aos dezenove já havia entrado. Sem grandes esforços eu o expulsei de
casa. Tornei-me arrimo de família. Respeitado e querido por todos familiares e
amigos. E foi nesse mesmo momento de inversão da minha vida que eu descobri o
que sempre temi: eu era gay.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Este sempre
foi o meu maior segredo, mas com o passar do tempo e assumindo o controle da
minha própria vida comecei a considerar mais a minha própria felicidade. Sempre
vivi em função dos outros. Mas não podia botar tudo a perder, não com seu novo
emprego e sendo o sustento de minha casa. E mais, se me assumisse como tal
talvez nem fosse mais visto com os mesmos olhos que antes. Quem foi agredido
tende a se tornar agressor. Minha mãe e avó eram extremamente preconceituosas,
e homofobia se encontrava inserida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não. Não
podia me assumir. O jeito era levar uma vida de negação. Eu encontrei a solução
em minhas amigas do tempo de escola. Forjava namoros de fachada. Atendia bem
aos meus propósitos. Ficava bem na família, e no batalhão também. Tudo ocorria
de acordo com o plano. Até o dia em que ao me perguntarem sobre minha
virgindade e assumi ainda tê-la intacta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os dias que
seguiram minha confissão foram de total inferno. Piadas, chacotas, deboches,
insinuações. E minha sexualidade fora posta em cheque. Minha camuflagem estava
cedendo. Precisava de uma solução.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Comecei a
pesquisar discretamente sobre como a homossexualidade era vista dentro da vida
militar. E o que descobri fora tão chocante quanto já deve estar imaginando. A
homofobia no batalhão tinha novo sentido. Era uma verdadeira guerra ideológica.
A opressão com meliantes homossexuais era agressiva: humilhação em público,
violência verbal e física. Um verdadeiro show de horrores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Descobri
casos de ex-policiais que quando expostos sobre serem gays, foram atormentados
até cometerem suicídio. Só no meu batalhão dois se mataram. Em outro caso o
oficial teve que mudar para um batalhão em outro estado em sigilo máximo. Outro
não aguentou e se resignou do cargo. Enfim, um ambiente hostil para um cara
como eu, ainda mais em inicio de carreira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O real
problema era que eu havia me afeiçoado a minha profissão. Após três anos eu já
estava completamente uníssono com o que fazia. Eu era bom, eu ajudava pessoas
que como minha mãe não tinha como se defenderem sozinhas. Não podia sair do
emprego que era o sustento da minha casa. Eu tinha que contornar a situação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A solução
apareceu espontaneamente com meu capitão. A sua fama o precedia. Conhecido por
todos como “o comedor”, o capitão tinha sempre as melhores histórias para
contar. Um dia qualquer ele me abordou
falando sobre o mesmo que todos diziam ao me ver, qualquer besteira sobre eu
ser virgem ainda. Após zombar ele parou e me olhou. Considerou algo por alguns
segundos e então me convidou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Que tal
perder essa virgindade e de uma vez por todas e ser respeitado no batalhão? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu já estava
tão farto das afrontas dos outros soldados que aceitei a proposta. Só não
contava com o indecoro que seguiria. Ele me convidou a “comer” uma mulher da
qual ele mesmo estava tendo relações, sua amante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Ela é a
esposa de um médico. Acho que ela ficaria feliz em te fazer homem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E assim
ficou combinado. A tal esposa do médico iria resolver o meu problema imediato.
Assim que eu transasse com ela as dúvidas sobre mim se calariam. Ou ao menos
era com o que eu contava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No dia
combinado, após o trabalho, tomei um banho e me vesti. O capitão já estava me
esperando no lugar de encontro. Entrei no seu carro e partimos para um motel
onde a mulher já estaria me esperando. A única informação que eu tinha sobre
ela era que ela era infiel. Não precisava de nada além.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Próximo ao
motel desci do carro e entrei no porta-malas. O capitão não queria ser visto
entrando num motel com um rapazola. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Já estava à
porta. Meu coração batia como um tambor. As pernas bambearam, tremiam
involuntariamente. Era dado o momento, onde eu em nome de tudo o que acreditava
faria o meu maior sacrifício.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O capitão
abriu a porta e eu entrei. Deitada na cama estava uma mulher nua, no auge dos
seus quarenta anos. Toda despida com exceção do rosto. Ela vestia uma máscara
de carnaval. Era negra e tinha plumas saindo nas laterais, e cravada de
lantejoulas douradas no entorno. Acho que somente um gay para prestar atenção
aos detalhes da máscara quando havia uma mulher nua na sua frente. Seu corpo
era gordinho, como normal em uma mulher daquela idade. Pele clara, cabelos
negros. Ela fumava. Só depois de passado o choque que eu me dei conta do que
estava para acontecer, e acredite: eu não estava nada feliz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ouvi um
pigarro e quando dei por mim o capitão estava logo atrás. Com os braços
cruzados ele ordenou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Anda logo
menino, tire a roupa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Naquele
momento eu já não compreendia o que estava acontecendo, e o que se seguiu até
hoje pra mim é doloroso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando
pelado a mulher se aproximou, começou a beijar meu corpo, a me tocar onde
ninguém jamais tocara. Puxou-me para a cama e começamos a nos beijar. O capitão
por vezes dava alguma instrução, por outras alguma ordem. Ele participou
ativamente em todas as etapas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na minha
cabeça um turbilhão de coisas se passava. Sentia-me sujo, tinha nojo do que
estava fazendo. Aquela mulher me violava, me descaracterizava. Quanto mais me
tocava menos “eu” eu sentia em mim.
Aquela sombra no canto do quarto se tornou monstruosa. A voz do capitão
soava como o coro de demônios, me tentando, me azarando. Podia ver o deleite em
seus olhos. Ele, como uma ave carniceira, sentia prazer mórbido em me ver
agonizando na cama. Mix de raiva, nojo, e tesão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Transei com
aquela total estranha por aproximadamente uma hora. A hora mais longa da minha
vida, eu não sentia prazer, foi uma tortura. A humilhação dentro de mim não
tinha precedente. Eu era um zero, não era ninguém. Me anulei de uma forma que
não pensava ser possível. Me omiti. Sentia algo que me fez chorar. Uma emoção
pesada, asfixiante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Impaciente
por eu não gozar, o abutre ordenou que eu saísse da cama. E começou a se
despir. Entendendo o que viria pela frente me dirigi ao chuveiro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Liguei a
água no mais quente possível e tentei tirar de mim aquele cheiro. Esfreguei
minha pele a ponto de machucá-la. Na minha boca o gosto da promiscuidade que
nunca quis. O suor e saliva de quem não representa nada para ele. Por que tinha
de ser assim? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Enquanto a
água caía eu ouvia os gemidos abafados do capitão. Ele despojava da sua amante
em volume alto deliberadamente. Queria que eu ouvisse o que estava fazendo,
como se fazia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fiquei
encolhido num canto do banheiro até que, como um porco, meu capitão finalmente
estivesse satisfeito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ao me deixar
em casa me olhou com malícia bestial e sorriu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Passado a
noite mais desgraçada que eu já tive, fui para o batalhão colher os frutos de
meu maior sacrifício. Lá, todos riam e me abraçavam. Parabenizavam-me como se
eu fosse um herói de guerra. Elogiavam e brincavam sobre eu ter me tornado
homem. Mas nada daquilo apagava o meu sofrimento. Cada palavra dita eu sentia
meu eu se afundar dentro de mim. Era como se eu estivesse submerso e não
pudesse respirar. Todo aquele ambiente estava me matando. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dentre as
perguntas de como fora minha noite, uma pessoa me chamou atenção. Um soldado
foi muito enfático em como seria a mulher com quem eu transara. As perguntas
eram precisas. “Ela era assim? Ela era assada?” E eu sempre confirmava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Passado uma
semana como Deus no batalhão, minha vida finalmente se acertava. Ninguém mais
levantava o assunto de que eu poderia ser gay. Tudo ocorria bem. Mas o soldado
insistia em suas perguntas. E assim o fez até o dia em que me cansei e
perguntei o por que dessa insistência. E foi quando ele me levou até a tela do
computador onde um perfil do facebook estava aberto. E era ela, e mulher da
máscara de carnaval, tinha que ser. Mesma pele, cabelo, porte. Era ela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-É ela, mas
o que é que tem? – indaguei desinteressado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Olhe
atentamente. – sugeriu o soldado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E lá estava
seu relacionamento: casada com ninguém menos que o próprio capitão. Eu não
havia apenas transado com uma mulher casada. O abutre me levou para transar com
sua própria esposa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tamanho
desgosto, nojo, descrença, se apoderaram de mim depois desse fato que eu decidi
que minha felicidade precisa vir sempre em primeiro lugar. Deixei a Policia
Militar e me tornei um civil qualquer. Assumi minha sexualidade na família e
entre amigos, e fiz todos me aceitarem como sou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Todo mundo
tem segredos, independente de cor, orientação sexual, classe social, e idade.
Mas todo mundo tem o direito de se livrar destes fantasmas e de ser feliz. E
foi o que eu fiz.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-34483539436126047612013-02-18T12:36:00.000-08:002013-02-21T10:44:56.540-08:00Fogo!<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 26.0pt; line-height: 115%;">G</span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ritaram “fogo!” e lá se foi o Bombeiro
correndo. Sobe, desce, vai, e volta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ainda
fardado, ele estava lá quando tudo aconteceu. Sua vida inteira sob a exposição
das chamas. Tudo muito próximo do fim, de ser consumido assim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As chamas o
cercavam. Com muito esforço ele se agarrou aos bens mais preciosos que tinha e
tentou protegê-los. Seu sabre de luz,
uma HQ qualquer, e sua paz. Foi só o que
estava ao seu alcance naquele instante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele se
perguntou se não era sua culpa, afinal sabia que a chama que estava alimentando
com pequenos pedaços de lenha cresceria. Sim, sabia. Só não esperava que tomassem
forma tão terrível de fogo vermelho vivo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A forma do
fogo agora era conhecida. O Bombeiro reconhecia aqueles traços de gente. Era
menino ou era homem? Podia ser um cara qualquer, mas qualquer não seria o cara.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Encarou a
chama viva e percebeu que nada estava queimado ao seu redor. Aquele fogo não
consumia madeira, papel, sabres, nem pessoas. Então que diabos queria aquele
fogo com o Bombeiro?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A criatura
incandescente estava inquieta, não conseguia se manifestar corretamente. E
então o Bombeiro se lembrou. Sim, este fogo foi escolhido e alimentado. E agora
pedia para ser extinto. <br />
Sentindo empatia com o ser, ele sorriu e tocou as chamas. Com seu toque, seu
sorriso, e sua paz, o Bombeiro finalmente apagou o fogo inquieto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O que encontrou
ao fim da combustão do velho e conhecido fogo foi o surgimento de um novo, e agora
azul, Fogo. O Fogo tinha nome e sobrenome. Tinha gosto, voz, e rosto. O Fogo
azul era a única chama que o Bombeiro sabia que nunca precisaria apagar, porque
ali ele não ia se queimar. E foi assim que Fogo e Bombeiro deram as mãos para
nunca mais, até onde ouvi dizer, soltarem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">---//---<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Espero que
goste do seu presente :)<o:p></o:p></span></div>
Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-11395880034291861762013-02-17T07:09:00.002-08:002013-02-17T07:13:31.552-08:00O Mestre das fugas<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 24.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-size: 26pt; line-height: 115%;">M</span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">arcos desde pequeno descobriu que
conseguia escapar de situações difíceis. Eram pequenas mentiras, jogo de
cintura, e BAM! Marcos se livrava de qualquer problema. Um trabalho que se esqueceu de entregar. Não
fazer seus deveres em casa. Fazer coisas proibidas para sua idade... Ele era
bom nessas escapadas, sempre foi.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Elevou este
potencial para níveis colossais. Marcos aprendeu pequenos truques de mágica, e
posteriormente se tornou um dos melhores. Era chamado por Mestre das fugas.
Suas habilidades eram variadas. Começando na simples tarefa de desatar as mãos
de algemas, até seu <i>grand finale: </i>Escapar
de correntes que prendiam seu corpo todo e depois era lançado em um tanque com
água. Espetacular! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tudo sempre
foi da maneira que Marcos planejou. Nada escapava à sua percepção. Milhares de
desculpas na manga para um problema que nem existia ainda. Sorrisos e
alternativas para não se ferir. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tudo sempre
foi da maneira que ele planejou até o dia em que se apaixonou. Sua vida nunca
mais foi a mesma. Ele não conseguia mais fugir. Imagine só, um mestre em fugas
que não conseguia fugir!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Inconformado
o Mestre das fugas armou seu maior espetáculo e chamou seu amor. Todos
conheciam seu repertório, estavam excitados para vê-lo em ação. Cortinas se
abriram e lá estava ele no centro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Marcos foi o
grande mestre das fugas. Mas das algemas ele não se desatou. Das correntes não
se soltou. E no tanque se afogou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-52780680383594089812013-01-31T08:18:00.001-08:002013-01-31T08:18:29.620-08:00Isso não é um adeus (adeus).(Um cafezinho, por favor)<br />
<br />
Olá, meus caros leitores.<br />
<br />
Durante mais de dois anos dediquei algum tempo para este blog, postando textos, reflexões, contos, poemas, pensamentos, e afins. Tempo este, muito bem gasto.<br />
Hoje relendo minhas postagens pude perceber o quão diferente eu me tornei. Todo o processo de amadurecimento, as fases distintas que se passaram. Estão aqui neste blog, nestas páginas, pequenos e grandes fragmentos de mim que juntos formam uma colcha de retalhos. Um mosaico da minha alma. E sou muito feliz por tê-lo feito, senão pouco dessas emoções seriam lembradas.<br />
O quero dizer com toda essa sentimentalidade é que não mais escreverei no blog Café do Muringa até segunda ordem. Fiz vinte anos e ainda não tenho nada de concreto em minha vida. Preciso me organizar.<br />
De agora em diante gastarei minhas forças nos meus projetos literários no intuito de ter algumas obras realizadas. Dentre eles estão o minha saga infanto juvenil "O Último Violeta", cujo o primeiro livro já está pronto. E meu livro de contos em parceria com outros autores chamado "<a href="http://vestidadebatomvermelho.blogspot.com.br/">Vestida de Batom Vermelha</a>" que também pretendo lançar ainda neste ano de 2013.<br />
Espero que todos que tenham me acompanhado até agora compreendam que esta ausência não é definitiva e que ela consiste em trazer melhorias na minha arte escrita para maior proveito seus.<br />
Desde já grato pelo carinho e atenção dadas para comigo e com meu blog, Muringa.<br />
<br />
<br />Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-85833378391318529422013-01-16T06:32:00.002-08:002013-01-16T06:43:22.051-08:00Já são cinco?<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 24.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-size: 26pt; line-height: 115%;">E</span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">ra um dia qualquer na semana. Minto,
era um dia útil da semana. Tipo, nem sábado, e nem domingo. O que é uma coisa
engraçada dizer que os dias mais chatos da semana são os uteis. Enfim, era um
dia qualquer na semana sem contar os dois que são considerados o “final de
semana”.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Neste dia eu
peguei um ônibus para ir para a faculdade. Coisa que sempre é uma experiência
engraçada, uma vez que moro longe pra <i>caralho</i>
da faculdade. Imagine só, uma hora e meia todos os dias dentro de um <i>busão</i>. Pois bem, você, meu amigo, que
passa por situação semelhante sabe do que eu estou dizendo. São centenas de
situações inusitadas pelas quais passamos dentro do tão popular transporte
coletivo. E comigo nesse dia não foi diferente.</span><br />
<a name='more'></a><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Me sentei na
janela do lado esquerdo do ônibus, logo após a primeira porta de saída. Do lado
esquerdo de quem está entrando no ônibus. Tipo, quando você pega seu troco com
o trocador e vira o corpo pra ir se sentar. O lado esquerdo desse ponto de
vista, entendeu? Não importa. O negócio é que eu me sentei na janela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O ônibus
estava vazio. Claro que estava! Eu sou sempre um dos primeiros a entrar. Mas
não completamente vazio, tinha o motorista e o trocador e algumas pessoas que
entraram comigo. E estava quente, como estava quente. Não me lembro a estação
do ano, mas lembro que estava quente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Passado
algum tempo, alguns outros viajores também entraram na condução. E um deles era
um velho, muito velho. Aqueles velhos que de tão velhos você sabe que estará
fedendo à alguma coisa. Ou talco, ou chulé, ou perfume de velho, ou lhama
molhada, ou qualquer outro fedor. Mas o cheiro é garantido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu
mentalizei “Não senta do meu lado” e fiz disso quase que um mantra: “Não senta
do meu lado, seu velho”, ““O ônibus ainda tem outros lugares ”, “Se eu fizer
cara de mau e olhar para o lado...” ,“Ele já me viu, já me olhou.” “Fudeu”. Eu
sabia que ao fazer isso, digo, ao mentalizar isso eu estaria selando o fato de
que o velho ia sentar ao meu lado e me prenderia com seu fedor milenar contra a
janela, que por algum motivo idiota não abria em baixo, só uma fresta na parte
superior. Eu fiquei puto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Acho que
esse é um daqueles dias em que Ele te faz passar por algumas aprovações. Eu
devia estar sendo testado mesmo. O engraçado é que eu não errei nada até o
momento. O velho sentou do meu lado e fedia. Era uma <i>inhaca</i> inexplicável. Mas não
podia fazer nada, já estava ali, ele também, a viagem ainda era longa. Eu
apenas torci para que quando o ônibus andasse, e fizesse-se algum vento, aquela
catinga fosse dispersa no ar. Mas não foi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O sol estava
castigando, acho que era horário de verão, as datas começam a fazer
sentido. E o que antes estava só fedido,
agora tava podre. Eu comecei a me perguntar se ele já não havia morrido, porque
estar em decomposição seria a única explicação para o cheiro nauseabundo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para piorar,
sabe quando você sente, sem olhar para a pessoa ao seu lado, que ela está te
olhando? Você tem a impressão, um sexto sentido que se ativa apenas dentro do
ônibus, de que a pessoa do seu lado tá te olhando? Então, eu tava sentindo
isso. Mas que diabos esse ancião poderia estar querendo comigo? Ele podia ser
um gay, um velho gay. O que seria bem preocupante. Ele também podia ser um
ladrão, mas essa hipótese não me convenceu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pronto!
Fazia uns quinze minutos que o velho estava me olhando, pensei em duas hipóteses
concretas. A primeira e mais razoável; ele estava esperando eu realizar um
contato visual para iniciar aquelas conversas de velho. E a segunda, não de
toda impossível; ele teria finalmente morrido e por isso não voltava a cabeça
para o lugar. Meu primeiro erro do dia. Não era nenhuma das hipóteses
anteriores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando eu
olhei finalmente para o velho, percebi que aquele senhorzinho, branco e
enrugado, estava era olhando para o meu braço. Mais especificadamente para o
meu relógio. E quando ele finalmente conseguiu minha atenção, perguntou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Já são
cinco?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Respondi “não”
e informei que ainda eram quatro e meia da tarde. Ele não me agradeceu, nem
nada. Ficou sério e retornou a cabeça para o lugar, olhando para frente
novamente. E ficou assim, imóvel por vários minutos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando a
gente está num ônibus sem livro para ler, sem música para escutar, e não temos
ninguém para ligar, o que nós fazemos? Viajamos na maionese. Ficamos perdidos
em pensamentos absurdos sobre temas inúteis. Divagamos sobre os problemas
mundiais e sobre diálogos que ainda não existiram. E foi exatamente o que eu
fiz. Não tinha <i>merda</i> nenhuma pra
fazer, eu fiquei <i>encucado</i> com o velho
ao meu lado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por que ele
perguntou se já são cinco, ao invés de me perguntar as horas? Por que cinco? Ele obviamente tinha algum compromisso para as
cinco horas. Mas o que um velho como aquele teria para fazer? Pensei que ele
deveria ter que tomar algum remédio a este horário. Me satisfiz com essa
solução e deixei o velho de lado. Até que...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Já são
cinco horas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas que diabos
esse velho vai fazer que tem que ser cinco horas? Disse “não”, de novo, e
informei que ainda faltavam vinte para as cinco. E novamente fui atormentado
pelo fardo do ócio no ônibus. Tive que repensar o que ele faria as cinco de tão
importante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele poderia
estar indo para alguma consulta médica agendada, e por isso a preocupação com o
horário. Mas eu não sei por que eu fui nascer com uma mente tão produtiva.
Quando percebi já estava criando uma história para este velho. Pensei em algo
mais ou menos assim:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele já
estava velho e morrendo, e sabia que não ia viver muito mais. Pensando em seus
filhos e na sua falecida esposa (porque ela tinha que estar morta, me recuso a
acreditar num casal de Mun-rá) ele havia escrito uma carta. Carta na qual ele
contava toda sua história, e deixaria uma recado, uma lição de vida. E que esta
carta seria entregue as cinco horas daquele dia para um completo estranho para
mudar sua vida. E porque ele sabia que este estranho iria fazer de sua história
um fato público.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bom,
pensando essas bobeiras eu estava animado. Me decidi com convicção que quando
fosse cinco horas eu mesmo avisaria para o sofrido senhor e teria finalmente
minha resposta ao que aconteceria a seguir. Agora era eu quem olhava para o
relógio a todo instante. Fazendo uma enorme contagem regressiva. Constatando a
todo momento que somente se passaram alguns segundos desde a ultima olhada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O velho
permanecia impassível ao meu lado. Não me perguntava das cinco horas mais. Eu
estava atônito para o desfecho dessa história. Mas e se as cinco horas ele
tirasse uma arma e explodisse a própria cabeça? O tempo não passava! E minhas
conjecturas aumentavam a cada segundo. Milhares de histórias e possibilidades
se formavam na minha mente desenfreadamente. Estava tão absorvido pela história
do velho que não percebi o que fiz. Foi algo mais ou menos assim:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-JÁ SÃO
CINCO HORAS!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu, com as
duas mãos pra cima, berrei na orelha do velho que já eram cinco horas. Estava
com os olhos alucinados, vidrados, esperando para captar toda a reação do velho.
Mas o desgraçado só me agradeceu e voltou ao seu estado de decomposição.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não vou
negar que eu me senti muito frustrado. Nada, não tomou remédio, não desceu do
ônibus, não me deu nenhuma carta, tampouco se matou. O velho maldito estava
ali, inexpressivo. Eu me conformei com o fato de que eu poderia ter exagerado
um pouco na especulação e voltei meus pensamentos para outra bobeira qualquer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Passado
alguns minutos o velho se manifestou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Já são
cinco e vinte?<o:p></o:p></span></div>
Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-40105213255514124722012-11-11T18:20:00.000-08:002012-11-11T18:20:10.929-08:00Eu queria<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 9.0pt; line-height: 115%;"><br /></span><span style="background: white; color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Queria por você debaixo de minhas axilas tal
como a baguete vai com o francês.</span><span style="color: #333333; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br />
<span style="background: white;">Queria saber te deixar tão solto como o saco do
escocês.</span><br />
<span style="background: white;">Queria entender a razão da má fama de um
japonês.</span><br />
<span style="background: white;">Queria ouvir o canto vívido sobre nós da boca de
um libanês.</span><br />
<span style="background: white;">Queria gostar do cheiro do seu bacalhau como
gosta o português.</span><br />
<span style="background: white;">Eu queria, acima de tudo, que esses pequenos
versos atingissem você como sabe fazer o bom paquistanês.</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-62917736678391703352012-10-30T19:33:00.003-07:002012-10-30T19:33:50.663-07:00Minha pá<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 26.0pt; line-height: 115%;">E</span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">u tenho uma pá grandona. Muito grande
mesmo. Grande demais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ela é
suficiente para desenterrar todas as coisas que estão sob a terra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ela tira
ossinho, mais fundo. Ela tira esqueleto, mais fundo. Ela tira fóssil, bem
fundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Minha pá é
espectral, que nem Ghoust Busters teriam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ela tira mal
olhado do alguém. Ela tira alma penada do além. Ela me protege como ninguém.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pensei em
nomeá-la. Pensei em um nome <i>profundo</i>,
mas mais profundo mesmo é onde essa danada consegue chegar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ela é
violadora, não respeita nada alheio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cava, tira,
expõe. Trás à luz tudo que as trevas já haviam
dragado. Pá purificadora, sacra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ela tira
emoções, de dentro. Ela encontra o passado, veneno. Ela bate com força, ao
terreno. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas como
nada nessa vida é uno, minha pá <i>profunda </i>também
age de má fé.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por quantas
vezes a grandona não enterrou meus erros, soterrou meus desejos, e desapareceu
com minhas verdades?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Essa pá pode
enterrar como nenhuma outra faria. Sua terra não é comida de minhocas. Sua terra
não pode ser arada, tratada, revirada, trabalhada. É terra que quando dado um
último tapinha com as costas da pá sobre ela ainda fofa, sela como uma prisão.
Se tranca como um cofre. Se perde como
em <i>Lost.</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Retirar as
coisas que a minha pá já enterrou é um hobbie para mim, um árduo, e que demanda
de força. Ela não gosta de brincadeira. Quando dado por encerrado um trabalho,
ela, minha querida pá, se reluta em desenterrar o que já fora feito. Mas eu nem
ligo, continuo tirando tudo o que ela jogou nas trevas claustrofóbicas do
subsolo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Minha pá não
se enferruja, não se desgasta, não se acaba com o tempo, mas eu sim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E chegará o
momento onde eu não terei mais forças para levantá-la. Nem para enterrar,
tampouco para desenterrar. Momento em
que não me fará mais diferença esses pequenos detalhes. Momento onde o superficial e o profundo serão
a mesma merda, a mesma benção. Tudo e nada. Momento em que eu fecharei meus
olhos e descansarei, finalmente, meus braços.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas até
lá... é só eu e minha pá.<o:p></o:p></span></div>
Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-60062114646332021052012-09-06T13:51:00.003-07:002012-11-11T18:22:35.152-08:00Eu tive medo.<br />
Eu tive medo de um dia dizer "te amo" e nunca mais poder retornar a ser quem eu era.<br />
Nesse medo louco chamado orgulho eu me escondi.<br />
Por anos vivi a sorrir e sem deixar transparecer. Eu sofri.<br />
Tive medo de abrir meu coração e descobrir que nele não haveria mais espaço para um outro alguém que não eu.<br />
Queria sempre estar livre, sem peso. Mas pesado mesmo era minha solidão.<br />
<br />
"Então, humano que sou, tive que desistir das minhas defesas".<br />
E para aquele que então tinha disposto a adentrar naquilo que me era de mais precioso, se perdeu.<br />
O caminha era tortuoso e por vezes enganava. Eu como guia tentava facilitar a jornada, indicava os meios, mas por vezes o viajante precisa descobrir sozinho.<br />
<br />
Morreu. Disse-me que não entendia mais as mensagens, que nossa língua não era mais a mesma.<br />
Correu, para o meu caos.<br />
Abandonado, sem chão, me deixei dragar por inexplicável pesar.<br />
Eu perdi uma parte de mim ao tentar.<br />
<br />
Nunca fiz ato mais corajoso do que o de me entregar.<br />
Dizer a verdade, compartilhar.<br />
Um homem é pleno, sua vida ganha sentido, ao amar.<br />
Eu me entreguei.<br />
<br />
Tolo aquele que se engana dizendo não precisar de amor.<br />
Infeliz aquela que brinca com o amor dos outros.<br />
Eu, que tive medo, descobri que o amor liberta.<br />
<br />
Após abrir-se uma vez não existem mais motivos para se trancar novamente.<br />
A prisão não é estar junto, mas sim sozinho. A cela que te cerca é a da solidão.<br />
De trás das barras não há amor, não há carinho, nem atenção.<br />
<br />
Eu tive medo, mas isso foi antes.<br />
Eu te amei.<br />
Eu tive medo, e agora não o tenho.<br />
Aprendi a amar.<br />
Não tenha medo.<br />
<br />Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-1345503965219278152012-08-22T07:07:00.000-07:002012-08-22T07:27:28.960-07:00Sengue Negro: parte 1Primeira parte do conto de suspense Sangue Negro.<br />
<br />
<i>Advertência: Este conto contém palavreado chulo e pode haver violência, descriminação racial, dentre outras formas de agressão. </i><br />
<i>Esse conto não expressa a opinião do autor sobre nenhum dos temas abordados. </i><br />
<br />
<a name='more'></a><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br />
<br />
<span style="font-size: 24.0pt; line-height: 115%;">Sangue negro</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 26.0pt; line-height: 115%;">A</span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> chuva que estava caindo naquela
noite de março era de grande intensidade. Os longos dias de calor que se
seguiram formou sobre os céus de Belo Horizonte um teto escuro, impenetrável. O
sol não apareceu naquele dia, e a
torrente violenta caiu ao anoitecer. O Sr. Jairo, porteiro e zelador do
edifício Dona Vicentina, teve que parar de ler seu jornal por alguns instantes
para jogar a água que entrava pelo saguão para fora. Com empenho, o preto velho
conseguiu secar o chão, e logo tratou de fechar a portaria. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sem pressa
voltou-se ao seu barato jornal diário. Em letras garrafais, na capa do
noticiário impresso de péssima qualidade, estava escrito a notícia da semana:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“<i>MAIS</i> <i>UMA
MULHER É ENCONTRADA MORTA NA CAPITAL MINEIRA</i>.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O velho nem
se deu ao trabalho de ler as letras miúdas, já estava acostumado à violência da
capital. Não queria saber que se era dona de casa ou prostitua, se o
assassinato fazia parte de uma série ou não, nem mesmo quem era a pobre
coitada. Para ele não fazia nenhuma diferença. Menos uma, apenas isso, afinal
todos morrerão um dia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Batidas
fortes na porta de vidro tiraram o olhar distraído do velho sobre seu jornal.
Havia pessoas do lado de fora, provavelmente a nova moradora do 302, que mudara
ainda naquela manhã. Sim, o Sr. Jairo recebeu a mulher e suas duas filhas
ajudando-as com as sacolas de compras. Elas estavam ensopadas, e molharam todo
o chão que a pouco fora meticulosamente enxuto. Um pouco irritado com a nova
bagunça, Jairo sorriu forçadamente para os agradecimentos feitos pela mulher e
com impaciência tocou as moradoras para cima, pedindo que não se importassem
com a bagunça. O velho zelador deixou-as a porta do apartamento e saiu
apressado para limpar o seu hall. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Gentil esse
Jairo, não? –indagou a mãe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Abre a porta
mãe, eu to morrendo de frio! –pediu impaciente a caçula, Manu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As três
mulheres entraram e trocaram de roupas, deixando as molhadas sobre o tanque
antes vazio. Na verdade vazia estava a casa. Carla, a mãe de Ingrid e Manuela,
havia brigado com seu marido, e pedindo divórcio deixou a velha casa levando
apenas suas filhas e as roupas do corpo. Esta professora ainda contou com a
ajuda de seus pais, que doaram para ela um fogão velho e alguns colchões. Seu
irmão também colaborou com a rápida mudança, levando para o novo lar um
frigobar que ele comprará para ela e uma cômoda velha, para que ela guardasse
suas roupas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Carla era
uma negra de vigor com seus 36 anos. Cuidava da casa, do até então marido, das
filhas, e de seus alunos, os rebeldes do ensino médio. Ela dava aulas de
português numa escola pública do estado e ganhava uma mixaria. Mas ela não
queria depender de ninguém, e ainda achava muito nobre sua profissão, apesar de
todos os problemas intrínsecos a ela. Quando sentiu que não dava mais para
continuar vivendo sobre a sombra do medo de seu violento marido, ela tomou
coragem e partiu mudando-se para o edifício Dona Vicentina, um velho prédio no
bairro Pompéia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“A polícia
afirma que não há provas de que esse seja o caso de assassinatos em série, e
insiste que são apenas manchetes para vender jornal. O caso da moradora do
bairro Pompéia que desapareceu foi dado como encerrado após constatado que a
dona de casa havia deixado uma carta de abandono, na carta...”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Desligue
esse rádio Ingrid, já não bastam as nossas próprias desgraças. –repreendeu
Carla.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A menina que
estava procurando por sua estação favorita, havia parada por curiosidade na
notícia, se frustrou ao ter que desligar o aparelho. Mas sabia que a mãe andava
muito nervosa, e que por isso não deveria afrontá-la. Desligou o rádio e foi
mexer nas sacolas das compras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Mãe, eu to
com fome. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-Vou
preparar alguma coisa pra nós comermos, vai distrair sua irmã. Ela esta triste
por ter deixado nossa antiga casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Carla
preparou uns sanduiches e após todas terem comido, ela pos as filhas para
dormir. Aquela sexta feira de mudança havia deixado a família cansada. Carla sabia que muita coisa ainda estava por
vir, e decidiu encarar um problema por vez. Amanhã ela procuraria um advogado
para correr os papeis da separação. Queria se desvincular rápido do homem que a
agrediu duas vezes por causa de ciúmes. Após ter certeza de ter trancado as
portas, aquela negra de força desmanchou sobre o colchão jogado ao chão. Naquela noite, nenhum noticia ruim tiraria seu sono.<o:p></o:p></span></div>
Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-37044605224496860632012-08-19T01:24:00.000-07:002012-08-19T15:07:49.790-07:00Cama vaziaDepois de toda a algazarra a casa morreu. Nenhuma voz ou grito, gemido ou pedido. Silêncio do quintal ao quarto.<br />
Andei por aqui e por ali procurando vestígios de quem esteve na casa, quem eram as pessoas que na euforia me puseram a dançar e cantar. Nada, ninguém. Nenhuma pessoa, nenhuma palavra. Não havia ninguém.<br />
Me pus a pensar sobre o que eu senti e se fora real, afinal: Eu não estava sozinho, estava? O problema é que nada me recorria. Sabia que eram meus amigos, os melhores, e que a noite fora maravilhosa. Mas depois que tudo se vai, depois que o vinho seca, que a carne esfria, a sensação é de que nunca houvera ali qualquer celebração.<br />
Das lembranças distorcidas na madrugada havia uma em especial que me incomodava. Minha cama estava vazia. Mas oras, não estava eu acompanhado? Não havia um homem no meu quarto? Onde fora parar? Nada fazia sentido.<br />
Dei mais algumas voltas, recolhi copos e talheres sujos. Tentei calcular o grau de destruição, mas a verdade era que eu não me importava.<br />
Fui até lá fora e procurei a lua, mas nem esta estava mais lá. Ninguém, somente o vento estava ali, e ele sussurrava maldades, zombava da minha solidão. Fechei a porta e deixei pra lá o enganador.<br />
Subi incrédulo de que eu estava realmente sozinho. A cama vazia não mentia.<br />
Me deitei, porém o gelo que só um colchão sem gente pode segurar estava ali. Inquietei-me, não conseguia ficar ali, sozinho. Eu não queria dormir só. Mas a cama estava vazia e não havia homem ali que dividisse meu leito.<br />
Aquele cheiro de motel estava impregnado nos meus lençóis e eu sabia que aquelas curvas desenhada sobre eles não eram minhas, mas sim de um outro alguém. A cama não esteve vazia toda noite. Então por que agora estava?<br />
Levantei, fui andar. Pensar um pouco, talvez ouvir uma música. Escrever.<br />
Mas dormir já não podia, nunca mais eu iria dormir. Aquela cama vazia ficará para sempre sem meu calor. Aquele gelo, frio de ausência, iria permanecer lá, ninguém mais deitaria lá. A cama vazia permaneceria vazia. Sem mim. Sem ele. Sem nós.Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-7153188684008235312012-08-18T11:07:00.000-07:002012-08-18T11:07:09.481-07:00Uma noite. Uma amiga.<br />
<br />
Empatia? Não sei. Talvez seja essa a palavra que eu possa usar para com a Carla Diniz Alvim.<br />
Essa mulher distinta, dona de um jeito único, me cativou de uma maneira singular.<br />
Não bateu a primeira vista, mas quanto mais eu a conhecia, mais eu gostava.<br />
Descobri nela muito de mim, uma parte obscura e negada em mim. Tudo o que era negado e velado em mim era nela exposto e livre. E era assim que ela atuava sobre mim, como raios de sol que vêm para revelar o que se esconde sob a penumbra.<br />
Nossa amizade surgiu de maneira leve e natural, e vem se consolidando sem grandes esforços.<br />
Amo-a como os ventos amam os cabelos.<br />
Minha amiga Lésbica e ativista é meu sinônimo de liberdade.<br />
Se hoje falo de homens, se hoje sou livre, é porque um dia ouvi Carla falar da vida com beleza e naturalidade.<br />
Sinto-me feliz em tê-la ao meu lado. Em poder mandar uma mensagem sabendo que será ela minha receptora.<br />
Espero que isso não morra, e que essa guerreira vença muitas outras batalhas.<br />
Quero poder, lá na frente, dizer:<br />
"Essa vadia é minha amiga."<br />
<br />
2 Beijos do seu amado, Arthur Fortes.<br />
<br />
<br />
(Pequeno texto retirado do livro "Recipiente" escrito num retorno embriagado para casa).Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-157691257031352922012-08-02T19:46:00.004-07:002012-08-19T15:07:40.771-07:00Só queremos ser felizes.<div class="MsoNormal">
<br />
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
É
engraçado pensar que a busca da felicidade é algo constante na nossa vida. Mais
curioso ainda é pensar que se nesse exato momento pararmos de procurá-la já a
teríamos encontrado. Estaria aqui, do nosso lado. Num dia ensolarado, num café
com leite, no sorriso de uma criança, na água que bebemos. Fragmentos de
verdadeira felicidade se juntariam no mosaico da vida, e de uma maneira prática
seriamos de fato felizes.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Não sou
diferente de ninguém, eu só quero ser feliz. Nessa busca torta por uma
felicidade desconhecida machucamos quem não queríamos,
descobrimos outras facetas de nossas personalidades. Boas também são algumas
surpresas, como descobrir que o simples fato da pessoa amada te olhar faz bem
pro coração.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Procurando
ser feliz nos transformamos continuamente, para tentar atingir o ápice daquilo
que entendemos como felicidade. Aquele que nunca virá. Mudamos o cabelo, a
roupa, os amigos, os parentes, de casa, de profissão, de princípios.
Tendemos a externar, em "outrar", a felicidade. E por
"outrar" eu quero dizer tornar outro, fazer com que a felicidade
sempre esteja como alvo naquilo que ainda não temos. Ou seja, queremos muito
algo até que conseguimos, imediatamente a felicidade abandona este algo e
transfere-se para um outro, alguma coisa que ainda não nos era percebido. Desse
modo a insana jornada em busca da felicidade suprema nunca termina.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Alguns
descobrem isso a tempo e decidem contentar-se (contentemente, e sim isso é
possível) com aquilo que já adquiriram. Seja num matrimônio, numa
conquista material, num nível espiritual. Pessoas verdadeiramente felizes por
simplesmente estarem vivas mais um dia.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Regressão
também acontece, e podemos perceber que essa felicidade nada mais era além de
uma ilusão forçada por nós mesmos para não termos que nos desgastar atrás da
verdadeira felicidade.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Ser feliz
é possível. A felicidade não é sorrir o tempo todo, não é ter rios de dinheiro,
não está num corpo sarado. Estas coisas nada mais são do que reflexos da
felicidade. A verdadeira felicidade é poder parar. Parar de sofrer, parar de
querer, parar de ter que ser, parar de pensar, parar de chorar, parar de rir.
Ser feliz é não depender de nenhuma dessas coisas para saber compreender as
coisas que nos cercam. Abandonar o olhar unifocal e parcial
para abranger novos horizontes. Ser feliz é ser humano de fato, e não
esta máquina de produzir sonhos que nós nos tornamos. Ser feliz é ser, e não
querer ser.<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-17155913164835384022012-06-15T05:40:00.000-07:002012-08-19T15:07:29.368-07:00Nado sim. Nado assim. E a culpada é minha mãe!<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Se eu não me dou bem
em grupo, se eu não sei passar a bola, a culpada é minha mãe! Ah
se ao invés da natação eu tivesse feito algum esporte em
equipe.Veja bem que por cinco longos anos eu fiquei sozinho nadando
numa raia individual.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quando na água, eu não
pensava em nada além de mim. Era eu e minha mente, flutuando entre
braçadas e pensamentos. Sim, era só eu e a minha cabeça louca. Eu
não tinha que passar a bola, não tinha que dar suporte a ninguém,
não tinha que pedir ajuda, não tinha que me doar a nada. Foram
cinco longos anos de auto suficiência.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Lá, imergido na água e em mim mesmo o
assunto se matinha estrito entre o objetivo e minha força de vontade
(e física) para cumpri-lo. Ou seja, quando desmotivado eu poderia
simplesmente fazer corpo mole, nadar devagar, ou simplesmente não
nadar. Era eu assumindo meus erros sem maiores consequências.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Ah, mas a vida não
quer nadadores e sim jogadores de futebol. Você tem que saber jogar
com outras pessoas. E eu não aprendi. Aprendi a ser o jogador de
futebol nadador. Mas quem quer um nadador no time de futebol?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
E a culpada é minha
mãe!</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
No relacionamento a
gente divide a raia com outra pessoa. Mas como é difícil nadar
levando braçadas no rosto. E por vezes a pessoa infeliz nem nadar
sabe, e apenas se agarra em seu pescoço levando ambos para o
fundo do poço. Pensei por momentos em transformar a natação em
nado sincronizado, mas criar sincronia com um estranho me parece
burro. Não quero nadar igual. Quero aprender novas maneira de se
portar sob a água. Desisti de dividir minha raia.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Os amigos por vezes se
contentam em nadar de brincadeira. E isso sim é legal. Pular de
bomba na piscina, flutuar despreocupado, por vezes mergulhar. Seria
ótimo se conseguíssimos sempre ter lazer na piscina. E como
seria...Mas a água é muito fria para alguns, outros preferem tomar
sol, e alguns ainda nem gostam de clubes. Problemas certos.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Quando eu não quero
falar com ninguém, não quero contato, basta que eu mergulhe minha
mente e inunde meus ouvidos de água. Estou agora noutro plano! De
quando em vez fico boiando inanimadamente, fingido estar morto. Fico
o máximo, que os meus pulmões me permitem, deitado com as costas à
superfície. Mas isso incomoda quem me procura. Ninguém quer falar com
um defunto, ou ainda com alguém que tem os ouvidos cheios de água.
Eles me querem seco e atento. Dizem que fujo dos problemas, que nadar
para longe não é a solução.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
No trabalho vivo dentro
de um copo d'água, como os peixinhos dourado. Dentro da água, porém
sem espaço. Não posso nadar ou imergir. Só fico ali, a mostra.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
E a culpada de tudo é
a minha mãe!</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Pobre da minha mãe.
Acho que se ela soubesse que este esporte do qual ela gosta tanto me
custaria ser assim, um nadador, talvez ela não teria me feito
pratica-lo. Ela poderia descobrir que atletas são pessoas
determinadas e prestativas, mas que nadadores não podem ser
incluídos nestes méritos. Nós nadamos sozinhos, e para nós.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Oh mãe, por que me fez
um menino que deu com os burros nágua?</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mas eu mudarei tudo
isso quando tiver o meu próprio. Filho meu não colocará os pés em
água que seja! Onde já se viu menino peixe? Não, não. Meu filho
vai ser um atleta completo, homem de valor,saberá dar tudo o que eu
não soube. Será aclamado pela nação, encorajado pelos amigos, e
amado em seus amores.Sim, já posso vê-lo sendo melhor que eu. Ele fará atletismo, e ai dele se quiser do contrário.
</div>
Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-35045740581978784212012-05-25T07:30:00.003-07:002012-05-25T11:40:23.248-07:00Dois ursos e um veado.ALERTA!<br />
<br />
Em respeito aos leitores deste blog, é meu dever alertar que o conteúdo deste conto pode, de alguma forma, ser ofensivo e contêm temática adulta. Logo, aconselho apenas para maiores de 18 anos, e que leiam como leitores críticos, e não trolls.<br />
Não esperava começar a maratona de maneira tão tensa, mas foi sobre este lado que quis começar.<br />
Sem maiores delongas, o texto:<br />
<a name='more'></a><div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 26pt; line-height: 115%;">J</span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">á era meia noite, e com alegria Alex
foi se arrumar. Tomou seu banho, vestiu sua camiseta polo mais apertadinha,
para ressaltar o peitoral, que apesar de ser um cinquentão, ainda tinha tudo
durinho. Aquele coroa passava duas horas por dia enfiado numa academia,
malhando todo o seu corpo, na esperança de que a idade não o alcançasse. Bom, de certo modo ele conseguiu. O
empresário tinha um corpo invejável, porém o seu rosto carregava o peso da
idade. As rugas, as marcas de expressão, os lábios frouxos. Tudo o entregava.
Ele vestiu suas calças jeans da Diesel e calçou seus tênis de mola. Na frente
do espelho ele agora via um garanhão. Alisou seu cavanhaque tingido de preto e
borrifou algum perfume caro no pescoço. Estava pronto para a noite.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ele
silenciosamente saiu do quarto onde sua esposa já dormia, passou apagando as
luzes da casa, e com um beijinho sobre o rosto dos filhos deixou sem pestanejar
o lar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Alex foi
para o seu carro e já telefonou comunicando:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Tudo
pronto. Vai para a sua porta que eu estou indo te buscar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Antes mesmo
das onze, Didi já estava bebendo com os amigos. O rapaz de vinte e dois anos,
que cursava alguma coisa relacionada à economia numa faculdade particular
qualquer, paga pelo pai, era uma beleza só. Tinha os cabelos castanhos cortados
de maneira única, jovial. Seu sorriso era leve e sedutor, e quando lançado
acompanhado de um olhar, conseguia conquistar a qualquer um. O garoto, que era
homossexual, brincava com seus amigos de apalpá-los e fazer comentários do tipo
“Vem cá pra você ver, gostoso”. Aquilo era de fato uma brincadeira infantil, já
que todos os presentes ali já haviam sidos comidos por ele. Didi não perdoava
uma alma se quer. O garoto era uma máquina sexual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ele
descobriu tarde sua homossexualidade, e por esse motivo acabou se tornando
voraz, no entendo de compensar o tempo perdido. Adentrou há alguns anos no
Circuito Gay, lugar combinado previamente através da internet, onde os garotos
de programa, ou simplesmente PG, ficam nas calçadas e os homens mais velhos –
Mariconas, como os garotos os chamam- ficam circulando com seus carros e
convidando para que eles entrem nos veículos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A vida de
garoto de programa era uma delícia para Didi. Ele, que só ia à faculdade para
fazer uma social, não tinha muito dinheiro. Os estágios pagavam uma miséria, e
era de seus programas que vinham suas roupas caras e óculos de marca. Todos os
finais de semana, Didi saía de casa dizendo estar indo para baladas ou qualquer
outra coisa do tipo. Sua mãe já havia
desistido de impedi-lo, e seu pai não se ligava muito nessas coisas. Gostava de
ficar vendo tevê até altas horas da madrugada, sentado sobre a mesma velha
poltrona. Didi levava uma vida boa. Os programas feitos como PG eram rápidos. E
por vezes ele se apoderava de um celular dando sopa, ou de algumas notas a mais
da carteira de uma maricona desatenta. Ele estava se aquecendo com os amigos
para partir para o Circuito Gay daquela noite.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Alex estava
indo buscar Ricardo, um amigo do trabalho. Depois de descobrir que o amigo
também pulava a cerca, como bom companheiro que era não podia deixar de
convidá-lo para farrearem juntos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não
acredito que por todo esse tempo você contratava garotos de programa de anúncios
de jornal. –debochou Alex – Você mal pode esperar para ver o Circuito Gay. Lá
você pode olhar para aquelas delícias antes de pagar. Sem surpresas
desagradáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Deve ser
realmente um sonho – completou Ricardo – Todos aqueles paus novinhos, um sonho!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-E não é só
isso, -prosseguiu Alex – qualquer trocado os satisfaz. Houve casos de a bicha
gostar tanto do meu pau que ela não me pediu dinheiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os olhos de
Ricardo brilhavam frente aos contos do amigo. Como ele viveu por tanto tempo,
tendo que dar desculpas para a esposa para poder ir até motéis com seus
amantes. “Não, dava muito trabalho!” Dizia a si mesmo animado com a nova
situação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Eles
continuaram a conversar sobre seus delírios eróticos com os jovens garotos de
programa, e do quanto gostavam de comê-los. Ambos concordavam sobre muitas
situações familiares, como quando os amigos dos filhos vão visita-los em suas
casas. As bocas salivam, a vontade de assediar é grande, diziam eles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Didi já
estava levemente bêbado, ele sentia como um incentivo para o trabalho. Por
vezes usava algumas drogas, como ecstasi e cocaína. Algumas mariconas eram
extremamente ridículas o que demandava certa abstração para que ele pudesse
realizar o serviço com sucesso. Algumas eram realmente boas. Didi contava para
seus amigos as boas picas que já encontrou por suas noites. Eram seguranças,
porteiros, mendigos, playboys, pré-adolescentes, adultos. Cada um com seu pedaço do céu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sabendo o
caminho, Didi ao chegar ao ponto de encontro, se posicionou num lugar visível
da calçada. Pela rua, vários carros já circulavam. Havia carros de todos os
preços e tipos, começando de Fiat e terminando em BMW. Todos aqueles homens,
casados ou solteiros estavam ali por um motivo; anonimato. Eles, durante o dia
levam uma vida normal e parada, trabalham e estudam, comem e dormem, esperando
pelo momento de encontrar com seus rapazes. Uma vida miserável de carência e
dependência. São homens feios ou gordos, casados ou com alguma imagem social a
zelar, e que por esses motivos não conseguem e ou não podem se assumir e
arrumar um companheiro. Alguns ainda, não raros, gostam simplesmente do prazer
de pagar pelo sexo, de dominar através do dinheiro, por pegar rapazes,
corromper vidas. As taras são inúmeras, e quase sempre resolvidas entre o
cliente e o PG.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ao longe
Didi viu um carro com dois homens, coisa comum pelos circuitos, e decidiu
flertar. Sabia que com dois ganharia mais dinheiro, e no outro dia aconteceria
uma rave na qual ele adoraria estar. Estava decidido. Ele pegaria as duas
mariconas, daria um trato nelas, talvez um boquete, ou um beijo grego, ou se o
convite fosse muito bom, um ménage num motel qualquer o faria essa passar
tranquilamente a semana com a grana no bolso. Sinalizou com seu olhar fatal,
combando com o seu sorriso malicioso. Não deu outra, Alex veio como um louco,
dirigindo na sua direção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Ricardo,
que bicha linda! –exclamou o motorista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os muitos
carros que dançavam na rua, fazendo um círculo em movimento, lançavam seus
faróis sobre os rapazes, o que por vezes dificultava diferenciar as belezas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Um bem
gostoso? –indagou Ricardo – Alex, quero comer um rabo hoje.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Nós iremos,
Ricardo. E vai ser o rabo daquele bofinho!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ele parou o
carro do outro lado da rua e esperou que o jovem chegasse até a janela do
motorista. Alex abaixou o vidro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-E aí gostoso?
– indagou Didi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Aguenta
dois, bichinha? –indagou Ricardo com a voz vinda de trás.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Só se for
agora, gato. –respondeu Didi esticando a cabeça para ver o passageiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Por um
instante toda a malícia do garoto sumiu do sorriso, e no seu olhar um pavor se
tomou conta. Antes fosse o típico caso do cliente ruim que volta desavisado no
mesmo PG.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Alex olhou
para o amigo estranhando a reação do garoto ao vê-lo, e em seu rosto viu o
mesmo espanto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Diego?!
–indagou Ricardo com a voz quase desaparecendo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Pai?!-
Engasgou o rapaz.<o:p></o:p></span></div>Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-50782784473337679072012-05-17T10:17:00.002-07:002012-05-17T10:27:44.574-07:00Como ovo(um suco e uma omelete)<br />
<br />
As vezes sinto-me como ovo. O ovo é forte, possui uma casca firme que lhe serve de proteção. Mas proteger do quê? De mim mesmo. Dos outros. De nada.<br />
<br />
Até mesmo a dureza do ovo mais resistente não consegue impedir que todas as impurezas permaneçam do lado de fora do ovo. Silenciosamente a casca permite a entrada dos corpos estranhos. Não por escolha, afinal naturalmente a osmose da vida acontecerá, e então aquele ovo se adapta, muda. Algumas coisas enriquecem o sabor, outras o estraga. Algumas o fazem desidratar, e outras ainda o saturam de tal forma, fazendo a própria casca se desfazer.<br />
<br />
Estes recipientes ovais são tão fortes por fora, porém tão frágeis por dentro. Seu conteúdo além de valioso (vida!) é muito frágil. Tenho medo de ter me agitado de mais, e por algum motivo ter virado um ovo mexido. Temo ter procurado por ser chocado com muita avidez, acabando por tornar-me choco.<br />
<br />
Os ovos não vêm ao mundo para se preocuparem com o que suas cascas absorverão ou se defenderão. Eles existem apenas para permitir que a vida aconteça. Como posso me sentir um ovo, então? Não cabe a mim escolher o que será marcado em brasa, ou o que será rejeitado sem ponderação. Se não escolhemos o funcionamento de nossas defesas, para que temos casca?<br />
<br />
Perguntei-me em momentos se os pensamentos realçam o meu sabor, ou se apenas me saturam, estufando-me. Acredito que dependendo da qualidade do pensamento, do tipo, da natureza dele, é que ira criar esta variação de efeito.<br />
<br />
Não sei se chegarei ao ponto de estar tão saturado, que minha própria casca desfaria. E o que isso significaria? Sem minha casca estaria eu livre, ou condenado para todo o sempre?<br />
<br />
Eu, como ovo, me tornarei algo novo e cheio de vida, ou apenas me tornarei uma bela omelete na frigideira de alguém?<br />
<br />
Sou ovo, mas de quê? De jacaré, cobra, pássaro, inseto, ornitorrinco, dinossauro? Eu tenho é medo. Medo de irromper a minha casca e ter que encarar o meu verdadeiro eu. E que Eu! (terrível Eu).<br />
<br />
Mas por vezes sinto-me como homem. Sem cascas, sem medos, sem bicos, nem escamas. Sinto-me livre da obrigação de escolher o que ser. Eu, fruto do ventre, simplesmente sou que sou. Homem pensante, pensando que é ovo.<br />
<br />Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-90967528768417019832012-05-16T10:27:00.001-07:002012-05-16T10:30:07.317-07:00Diários de papel<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Assim ficam
compreendidos os fatos. Desta situação toda, nós podemos aproveitar melhor.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Que merda é essa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não é
estilo, não tem moda. Só tem morte. Sem sorte. Tentando ser forte. <br />
O que todo mundo sabe é que quem repete, repede o que fode. O que pode.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Eu já os conheço. Nas mangas de sua
blusa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Vai, vai,
vai. Suba pra cima.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Verbo de ligação por excelência. Por
excelência?<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não, não usamos!<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Por um. Por um nós podemos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Perdi mais
espaço no papel.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Realizei a dois. O quê? Trabalhei a
dois. Jogo de cintura.<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">As vezes um sorriso nos entrega mais do que confissão.<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Perdeu o que? Cansei.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tranquilo ser. De qual filme?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mim,
ninguém me espera não.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mim,
ninguém me engana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mim,
ninguém me ama.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mim,
ninguém me tem.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nada de tensão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não tem mais
papel, mas minha caneta ainda tem muita tinta. </span><br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Palavra.<o:p></o:p></span></div>
</div>Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-24053720823278595632012-05-16T04:08:00.002-07:002012-05-16T04:08:43.700-07:00Maratona(um café, e pão com manteiga)<br />
<br />
Olá pessoas!<br />
<br />
O Café do Muringa está entrando em maratona, mas o que isso significa? Significa que muitos textos estão sendo criados, e que depois de algum tempo em ritmo desacelerado, a cafeteria decidiu que chegou a hora de soltar o verbo sobre vocês.<br />Estou trabalhando com contos (sabe, aqueles textos pequenos, lidos em apenas uma "sentada"), e adivinhem só? Estou amando. Vou criar uma página exclusiva para o meu Arquivo (área do blog destinada aos meus textos) onde vocês encontrarão todos os poemas e contos.<br />
Não deixarei de escrever o meu diário (os desabafos, os causos, e etc), porém estarei dando maior atenção aos contos.<br />Espero que estas pequenas histórias sejam capazes de transportar vocês, mesmo que por um breve momento, para outras realidades. Suspense, ação, terror, romance. Pequenos momentos para prender a respiração ou desenrolar as lágrimas.<br />
Espero continuar servindo à vocês o mesmo bom e velho café, o meu café.<br />
Bjunda, Muringa.Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-78675599460591188522012-04-21T10:15:00.000-07:002012-04-21T10:15:05.012-07:00Quedando em queda.Caio a todo instante, caio sem parar.<br />
Caio tanto que até parei de reparar.<br />
Disseram-me que por não ter atingido o chão eu já devo ter parado.<br />
Mas a verdade clara é que não, eu continuo indo rumo ao chão.<br />
Quedado em queda, quedando-me à queda.<br />
<br />
Muitas são as mãos que por vezes se estendem.<br />
É amigo, é irmão. São inimigos que se vão.<br />
Como me esticam ajuda se também estão a cair?<br />
Braços curtos, força pouca.<br />
Caímos todos juntos, rumo ao chão.<br />
<br />
Alguns caem rapidamente, são pesados, ou inclinam-se para que isso aconteça.<br />
Outros se demoram, fingem não cair, vivem à brisa da queda.<br />
Caio, ou me derrubam?<br />
Caio porque me derrubam, ou me afundam porque caio?<br />
Queda, caindo em si.<br />
<br />
Nasce, cresce, morre caindo. Nunca atinge de fato o chão.<br />
Existe um limite para esta queda?<br />
<br />
Olho para cima e não vejo da onde caí.<br />
Procuro lá em baixo, não vejo para onde cairei.<br />
É por isso que me quedo na queda.<br />
Não tem como não cair, mas tampouco como emergir.<br />
<br />
Braços curtos, força pouca.<br />
Querem me derrubar, quando na verdade eu já estou caindo.<br />
Preso ao modo, caindo em si.Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-25239481683500111092012-04-18T07:06:00.003-07:002012-04-18T07:06:56.375-07:00Café com ritmo(badu, bada, badabadabudu ♫♪♫♪♫)<br />
<br />
Olá amigo,<br />
<br />
agora ,como você deve (provavelmente) estar ouvindo, o Café do Muringa tem ritmo também. E que batida é essa? O jazz!<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7uHuQbceTr3tDoqmVF7FIwx2LOmN4anyxlg-hIyvXtrqkK6FxZUwnUlzN5fdp3Qh3ps2r54u6CcE9kwFNd-UxQPS3zQwUKPxaaAhBRtJc8Qc0KrGzWvK0wV_c_hZqL0GLOwpmbYQBDw/s1600/jazz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7uHuQbceTr3tDoqmVF7FIwx2LOmN4anyxlg-hIyvXtrqkK6FxZUwnUlzN5fdp3Qh3ps2r54u6CcE9kwFNd-UxQPS3zQwUKPxaaAhBRtJc8Qc0KrGzWvK0wV_c_hZqL0GLOwpmbYQBDw/s320/jazz.jpg" width="320" /></a></div><br />
Esse jazz gostoso, essa conversa músical, veio para acrescentar mais vida ao blog, que já está velhinho.<br />
Espero que ter acrescentado este áudio faça com que a leitura dos textos que já era boa fique ainda melhor! Colocarei todo dia uma música nova para a playlist, para quem sempre o blog esteja renovado.<br />
Ah, e deixem sua opinião aqui, comentem dizendo se gostaram da ideia ou não, deem sugestões. Deixem recados para mim, eu os leio (y).<br />
Beijos do Muringa.Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-38632927071621026532012-04-18T07:06:00.000-07:002012-04-18T07:06:02.073-07:00Café com ritmo(badu, bada, badabadabudu ♫♪♫♪♫)<br />
<br />
Olá amigo,<br />
<br />
agora ,como você deve (provavelmente) estar ouvindo, o Café do Muringa tem ritmo também. E que batida é essa? O jazz!<br />
Esse jazz gostoso, essa conversa músical, veio para acrescentar mais vida ao blog, que já está velhinho.<br />
Espero que ter acrescentado este áudio faça com que a leitura dos textos que já era boa fique ainda melhor! Colocarei todo dia uma música nova para a playlist, para quem sempre o blog esteja renovado.<br />
Ah, e deixem sua opinião aqui, comentem dizendo se gostaram da ideia ou não, deem sugestões. Deixem recados para mim, eu os leio (y).<br />
Beijos do Muringa.Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-31232139092876274182012-03-25T16:22:00.002-07:002012-03-25T16:26:59.292-07:00Simbiose<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"></span><br />
<div align="center" class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-size: 24pt; line-height: 115%;">Simbiose<o:p></o:p></span></span></div><br />
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sinto sua vontade, transformo o seu ser.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Uma luta para não deixar-se dominar,<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">a força da razão se empenhando em neutralizar o meu poder.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Dor.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">O sangue pulsa com violência, resposta do coração.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Seu corpo vibra, se contorce. <o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Suas mãos apertam minha carne querendo arrancá-la.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ódio.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Meu olhar penetra sua alma, você já não pode resistir.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Feche-os, não olhe mais.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A mente falha, o desejo grita, e a boca saliva.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Prazer.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Pouco a pouco eu te domino. Logo eu sou você e você sou eu.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Meu sangue, minha carne, meu corpo.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">A força de dois planetas que se colidem, origem da vida.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nós.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Uma simbiose violenta que nos draga para o fim.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Consumimo-nos em chamas, mas das cinzas não voltamos.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">O meu fim é em ti, como o sol no horizonte.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Deixamos.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Com último grito tudo se acaba.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não existe mais nós, nem mais dois.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Somos nada, somos um.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Artificialmente um. Domínio simbiótico.<o:p></o:p></span></div>Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-85307665535253169572012-03-25T12:40:00.002-07:002012-03-25T12:46:13.086-07:00Universidade, um novo universo.(um café com leite e um pão na chapa)<br />
<br />
Bom dia!<br />
<br />
Entrar numa faculdade é o sonho de muitos, e por vezes este sonho é um tanto quanto específico, como por exemplo; entrar em alguma universidade federal. Uma vontade bastante inteligente, tendo em vista alguns aspectos, tal como a excelência de ensino, a didática inovadora, dentre tantos outros motivos.<br />
Hoje falarei não sobre o estar lá dentro, fato que eu consegui, mas sim sobre o que acontece antes de entrar. O longo e árduo (não que tenha sido para mim) caminho até as portas de entrada para o universo acadêmico.<br />
Existe uma grande inversão nos princípios da educação na atualidade; nós não estudamos mais para sermos críticos e racionais quanto pessoas, mas sim para sermos admitidos nos diversos campos de trabalho da sociedade e sermos aprovados nos testes impostos para nivelar o conhecimento. Dessa maneira, todo ser humano que ingressa na escola inicia uma longa jornada de limitação e condicionamento intelectual para que nos tornemo-nos aptos a ocupar lugar na sociedade capitalista. Não quero me estender nestas questão problemáticas uma vez que expor alguns pontos não trará nenhuma mudança real. A questão é; eu passei por tudo isso, do primeiro período até o terceiro ano do ensino médio. Com minhas quedas e tropeços.<br />
Eu não estudei para o enem (o é compreendido como algo que avaliará se o aluno domina os conhecimentos do ensino médio), não precisei. Fiz o enem e a segunda etapa da universidade com os meus conhecimentos de ensino fundamental mesmo. Estou me gabando por isso? Não, não mesmo. Estou mostrando que esse sistema de avaliação é falho em si mesmo, esta tudo errado. Do inicio ao fim.<br />
O foco dado nas decorebas, a edução se transformando em mercadoria, enfim, coisas que não deveriam acontecer no ambiente escolar, mas que pelo contrário vêm ganhando força dentro das escolas.<br />
Entrar na faculdade é mais fácil do que parece, mas seria esse o método correto de ingressão? Será que eu que não estudei nada, que não tive uma boa base na educação deveria ser quem vai ocupar um lugar dentro de uma federal? E por outro lado, seria um estudante que veio de uma escola particular caríssima, que pagou os melhores cursinhos, que condicionou sua mente para as avaliações, que se limitou aos guias práticos de ensino, que deveria ocupar essas vagas?<br />
Precisamos refletir. Neste primeiro texto sobre a minha ingressão na UFMG eu só quis contar um pouquinho de como se deu a minha entrada, e de como é ridículo os métodos avaliativos, que se baseiam em acumulo de métodos e conhecimentos, e não num pensamento crítico e lógico sobre a vida e suas "matérias".Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-59695019500749711252012-03-23T14:50:00.002-07:002012-03-23T15:34:15.497-07:00Fausto Justo, o estagiário da Justiça: Conhecendo o Paraíso.<div class="MsoNormal"><br />
<div class="MsoNormal"><span style="font-size: x-large; line-height: 115%;">T</span><span style="line-height: 115%;">rabalhar com a Justiça não é nada fácil. Ela é muito temperamental, imprevisível, e ao contrário do que os humanos costumam dizer; ela não é nenhum pouco imparcial.</span></div><a name='more'></a><br />
<span style="font-family: inherit;">Veja só eu falando da minha chefa e humanos como se voê já estivesse a par destes temas. Deixe-me contar um pouco sobre mim e te introduzir a minha fantástica profissão para que você possa ler isso com alguma segurança – se bem que eu não sei se você vai entender de qualquer maneira...</span><o:p></o:p><br />
<div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Enfim, meu nome é Fausto Justo, tá, eu sei que é muito sugestivo, mas é o único que tenho. Eu faço estágio com a Justiça, a deusa mesmo, e obviamente o que eu faço é cuidar da justiça na Terra. “No planeta todo?”, você deve ter se perguntado. Claro que não! Estagiário é vitima de trabalho escravo em qualquer lugar, mas veja que se um mero estagiário fizesse tudo sozinho não seria “justo”, e dessa forma a justiça se contradiria em si mesma. Ok, isso foi complexo. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Para não falar de coisas que você ainda não conhece vou te contar a origem, como que eu fui parar neste emprego nada convencional, até mesmo para um deus.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Sempre fui grande apreciador da justiça, mesmo sabendo o quão subjetiva e digna de contradições que ela era. Eu adorava assistir um programa que passava na TV que todos os dias apareciam casos de humanos, e tinha um mediador super <i>cult</i> que falava umas coisas bonitas, meio filósofo, era ótimo. O nome eu não me lembro, acho que era “casos de alguma coisa”, mas não importa. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Eu sou um deus menor, na verdade por menor eu quero dizer: menor dos menores. Mesmo assim, pequeno, eu almejo me tornar alguém, e as promoções estão aí para isso não é verdade? Com este sonho e a paixão pela justiça humana eu decidi me candidatar a trabalhar para a Justiça.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Fiz um currículo, que não tinha lá grande coisa, e parti para o edifício Paraíso. Este prédio era onde ninguém menos que os chefões, os grandes deuses, “trabalhavam”. Lembro-me como se fosse ontem, aquelas portas giratórias de vidro, o cheiro de deuses ricos e bem sucedidos, todos bem vestidos e apressados. Ai... Muito bom. Enfim, só de estar ali para uma entrevista era um sonho que se realizou.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Já no elevador até a música era diferente, o som agradável das melodias angelicais. Nele subi até o penúltimo andar onde todos os deuses fodões ficavam. Lá estavam por exemplo: Razão, Morte, Tecnologia (sou fã dela), Fé, Guerra, Tempo, dentre tantos outros, inclusive a minha chefa. Acima deste andar encontrava-se ninguém mais ninguém menos que o J.R.R. Tolkien! Brincadeira, por favor, não me leve a sério. No último andar estava o Todo Poderoso, Pai, Deus, entre tantos outros nomes que vocês já devem conhecer.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Atravessei o longo corredor passando em frente aos grandes portais que levavam aos respectivos escritórios de seus deuses. Parei ao encontrar uma porta cinzenta com a numeração indicada para o escritório da Justiça onde se lia escrito sobre o arco:<br />
<br />
<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">“A Justiça NUNCA falha.”<br />
<br />
Logo abaixo dessa frase eu pude ler com algum esforço letras miúdas, que seguiam assim:<br />
<br />
<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">“</span><span style="font-size: xx-small; line-height: 115%;">Mas tira férias quando quer.</span><span style="line-height: 115%;">” <br />
<br />
Sabias palavras, confesso que me senti extremamente inspirado.<br />
Entrei. Dentro, me senti aturdido com a limpeza e organização que se mostrava na recepção. Ali todas as paredes eram brancas, tal como o piso. Havia um balcão no centro com pedra de mármore negra, e atrás dele estava sentada uma deusa, muito gatinha por sinal, da informação.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Nome? –indagou aquela belezoca.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Fausto Justo – respondi com pompa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Ela digitou algo no seu iPad e indicou uma outra porta.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-O Sr. Justino será o seu entrevistador, ele o aguarda ao lado. – disse-me ela de maneira automática.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Obrigado, gracinha. – saí dando uma piscadela no meu melhor estilo galanteador. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Na outra sala mais um choque, eu esperava que ali já fosse desorganizado, com pilhas de documentos sobre mesas, ventiladores de teto e percianas velhas, e cigarros acessos nos cinzeiros </span><span style="line-height: 18px;">decorando o ambiente</span><span style="line-height: 115%;">. Nada disso. O lugar parecia aquelas salas planejadas de revista de decoração; moveis lindos e novos combinando em cores, lustres no teto, sofás confortáveis. Um verdadeiro sonho.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">De pé no meio da sala, trajando um terno verde, com cabelos e bigodes ruivos, estava o deus que seria meu subchefe, ou melhor, o cara que tinha carta branca da chefona. O manda chuva. Esse era Justino, um carinha enjoado até não poder mais. Devia estar no cargo há uns 500 anos, experiente e cansado, odiava tanto o seu trabalho quanto os seus funcionários. Mas isso nunca o fez trabalhar menos ou pior. Dizem que ele era apaixonado pela Justiça, e que por isso se mantinha firme no emprego infernal.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Bem vindo. – disse sua voz desgostosa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Eu acenei positivamente com a cabeça e sentei-me num dos sofás como ele me ordenou.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Eu li seu e-mail com o anexo de seu currículo. E devo dizer que você não esta qualificado para nenhum cargo aqui.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Até pensei que eu realmente tinha ido sem necessidade até lá, quando ele me oferece a luz:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Exceto um.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Ainda bem que eu não verbalizei nenhum dos palavrões que vieram a minha cabeça no momento anterior.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Qual? –perguntei ávido por alguma notícia.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Então, você bem deve saber que a justiça na Terra é algo bem complicado, mas não impossível. Os agentes que se estabilizaram nos países como a Suíça, Japão, e Nova Zelândia, estão felizes e não trocam seus postos nem a pau. Afinal a justiça por lá é facilmente aplicada. Existem países em que nós nem atuamos devido a alguns acordos. Se você estudou um pouquinho que seja sobre a história da justiça deverá se lembrar de que por pura comodidade nós havíamos entregado inteiramente a justiça nas mãos dos cristãos, melhor dizendo a Igreja. E tudo ia perfeitamente bem, tranquilo, até que um povinho decidiu que não queria mais ser dominado por nenhuma religião. E aí, como você bem deve saber, nós tivemos que retomar o controle de parte da justiça. Agora existem países que a situação esta vergonhosa pra gente, e são justamente nos países com grandes índices de injustiça que os nossos agentes velhos de casa não querem ir. O que você me diz de fazer um estágio em algum desses países?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Confesso que eu me senti meio desanimado, eu tinha pensado em ficar em algum país mais tranquilo, e tal, mas já que eu não tinha a escolha, era pegar ou largar. E eu peguei.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Aceito, claro!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Justino deu uma risada tão debochada que eu pensei ter feito uma escolha ruim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Que bom ouvir isso meu jovem. Vejamos qual país... –disse ele procurando em seu tablet.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Puta que pariu minha sogra celeste! –gritou um deus saindo tempestuosamente por uma das portas da sala.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Era um cara gordo, com papas em seu pescoço curto, o rosto suado. Ele vestia um suéter vermelho e tinha pendurado no canto da sua boca um charuto cubano.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-O que aconteceu agora, Franco? –indagou impacientemente, Justino.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-O que você acha? Brasil, é claro! – reclamou o gordo agitando as mãos no ar – Eu não to aguentando mais chefe, eu preciso de mais gente lá. Pessoal acha que o problema de lá é só a corrupção dos políticos. Antes fosse só isso! A merda lá é que tem muita gente seguindo os “bons exemplos”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">O Sr. Justino olhou maliciosamente para mim, e imediatamente eu entendi. Era pra lá que eu iria.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">-Arrume suas coisas, você vai conhecer o país do samba. –disse ele dando tapinhas nas minhas costas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Bem amigo, eu sabia que seria difícil, mas eu estava bem disposto. Voltei para minha casa pensando em como seria legal ir para o Brasil. Fiquei a noite inteira assistindo vídeos num website da Terra chamado You Tube. Meus estudos sobre os brasileiros haviam começado, e para melhorar o meu desempenho eu estava disposto a fazer qualquer coisa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%;">Era realmente uma pena que eu não poderia trabalhar lá mesmo, no edifício Paraíso, o lugar mais lindo e cheiroso que eu já fui. Mas fazer o que, vida de estagiário é assim! O problema é que eu não fazia ideia da merda que eu ia encontrar por lá. Mas isso é assunto para outro dia.<span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div></div>Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-62999409110311387662012-03-17T15:40:00.001-07:002012-03-17T15:56:08.522-07:00Oi, eu te amo.<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-large;"><span style="line-height: 36px;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 26pt; line-height: 115%;">A</span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">o sair da faculdade Paulo decidiu comprar uma flor para sua namorada. Ele encontraria Andrea naquela noite. Ele estava muito feliz, era sempre assim quando ia de encontro a sua amada. Estavam juntos há quase dois anos, se conheceram assim; ao acaso, coisa da vida. Um dia foi “oi”, num outro qualquer “eu te amo”. Dizem que o amor é assim mesmo, avassalador. E com ele não foi diferente.</span></div><a name='more'></a><o:p></o:p><br />
<div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Caminhou cantarolando com sua florzinha em mãos, só parou frente à portaria do prédio. Tocou o interfone e esperou que ela abrisse o portão. Subiu os vários lances da escada pensando sobre um trabalho que tinha de apresentar ainda naquela semana. A porta estava aberta, como sempre, e Andrea na porta vestindo seu pijama. Paulo entrou dando um beijinho na namorada.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Trouxe essa flor para você! –disse carinhosamente.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-É linda – disse ela pegando a flor e colocando-a de lado sobre a mesa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Nossa, eu to com uma raiva daquela velha trambiqueira!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Ela ainda não deu aula?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Nada! Só fica enrolando na sala de aula. Dando um risinho de bruxa velha. A nem Andrea, tá osso viu... -reclamou sentando-se no sofá, o bom e velho sofá da sala. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Cê quer alguma coisa?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não, já comi.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Paulo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Oi?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Eu preciso falar com você uma coisa...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-O quê? Eu fiz alguma coisa? Eu não gosto dessa coisa de “ter que falar”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não, não. Você não fez nada. – respondeu de acordo com o planejado, ela passou a mão sobre o cabelo do seu namorado e sentiu pena por um instante.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Então o que foi?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Eu acho que não gosto mais de você.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">O silêncio se fez presente. Paulo sabia que não havia feito nada de errado, o que tornava incompreensível aquela frase.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Como?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Eu não sei. Eu só não sinto mais o que eu sentia antes.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Você tá terminando comigo? –perguntou ele cessando o carinho na cabeça.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Eu não sei, acho que é isso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-O que está acontecendo?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Já disse que não sei! Eu to estudando de mais, minha vida esta voltada para a minha carreira. Eu não consigo mais situar “nós” nela. Você entende?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Entender? Andrea, você vai jogar fora quase dois anos de relacionamento assim? Do nada? Por nada?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Por nada? Como assim? Claro que é por algo! Por mim, oras.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Mas isso é egoísmo! Você não esta me levando em consideração em momento algum. Então é assim?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Eu já vinha pensando nisso a muito tempo, Paulo. Eu gosto de você, adoro estar com você! Mas a vida não pode ser simplesmente isso, estar junto por estar. Eu quero me sentir viva, e entre nós isso não tá rolando. Somos o típico casal de namorados que não sabem dar um peido sem que o outro esteja perto para cheirar! Pra mim já deu.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Então você só quer espaço? Porque isso eu posso te dar! Não precisamos ficar tão juntos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não é isso, não é espaço que eu quero.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Então o que é? Vamos conversar. Tenho certeza que descobriremos uma solução.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não, Paulo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-A qual é, você não quer nem tentar? Você não tinha feito nenhuma reclamação até hoje, e já quer terminar de uma vez por todas?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Bem...eu...Ai, eu não sei. Eu só estou expressando o que eu sinto, ou melhor, o que eu não sinto por você.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Você se apaixonou por alguém?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não. Não tem nada a ver com isso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Fale a verdade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não é isso! Eu não preciso ficar pulando de galho em galho, você não me entende.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Agora eu não te entendo? Antes eu era a única pessoa quem te entendia, e hoje eu não te entendo? <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Você me entendia, no passado. Minha cabeça mudou muito, Paulo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Quando foi isso que eu não vi? O que esta acontecendo? Eu não estou entendendo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Olha, não dá mais. É isso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Você precisa de espaço. Quer repensar sua vida. Ta querendo focar na carreira. Eu te entendo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não é nada disso. Eu não sei explicar, só sei que não quero mais isso...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Isso? Eu não fui bom o suficiente para você? Você não se sentia feliz comigo?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Me sentia sim, só que não mais. Eu não sei algo se apagou.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Venha aqui, vamos dar uma chance, nós podemos fazer diferente. Eu posso mudar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não, Paulo. Eu não quero tentar nada. Por favor, me deixe sozinha.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Você é maluca! O que esta acontecendo? Fala comigo!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não grita comigo! Eu não sei o que eu quero, mas sei o que eu não quero. Eu não quero mais você, me respeite.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Isso não é jogo de um só, eu também estou aqui. E eu? Como eu fico? Andrea eu te amo!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Ama nada, a gente tá é se enganando. Eu não sou a donzela que espera por um príncipe, Paulo. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não faz isso... Eu passei tanto tempo procurando por você, eu fiquei tanto tempo na solidão. Não me deixe Andrea.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Desculpa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os dois se abraçaram, os olhos minando água. A mistura de sentimentos, a dor de ambos pela perda. A perda de uma identidade, a perda de um sentimento, de um amigo, de um lugar, de um balanço, a perda de alguém.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não me deixe. Não me deixe.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Paulo, eu não posso fazer isso. Não seria bom pra nenhum de nós. Para eu te fazer feliz, eu preciso estar feliz. E eu não estou.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não faz isso comigo. –Paulo caiu ao chão entre soluços e choramingo. A sua dignidade, seu moral, seu orgulho, postos de lado. Ele era uma criança.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não faça você isto comigo. –pediu ela segurando ele delicadamente pelo queixo, levantando sua cabeça – Não precisa ser assim. Eu ainda gosto de você.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Então fica comigo! Por favor, eu vou melhorar, vou ser melhor com você!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Mas você não fez nada de errado. Nada errado! Sou eu, eu preciso que você saia para eu me encontrar. Não me reconheço mais.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não, não. Andrea, só eu posso te fazer feliz, você vai se arrepender.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Acontecerá o que tiver que acontecer. Posso me arrepender sim, mas é um risco que eu pretendo correr. Agora saia, Paulo. Chega você esta me deixando mal.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Eu estou te deixando mal? –a fúria tomava conta do jovem rejeitado – Você é uma cretina egoísta! Como eu pude me apaixonar por alguém como você? Na primeira dúvida me chuta como um cachorro. Andrea, você não deveria ter feito isso!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Você esta me ameaçando? Saia agora! <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Não faz isso, vamos nos ajeitar. Não é isso que todo casal faz? Brigam sempre, mas acabam percebendo que precisam uns dos outros.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">-Paulo saia, por favor.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ele ficou de pé, e esfregou os olhos vermelhos. O ódio que sentia, mesclado de amor, estava expresso no seu olhar. Não adiantariam palavras, Paulo não entenderia jamais o que Andrea queria. Ele balançou a cabeça negativamente e saiu pela porta do apartamento, batendo-a com violência.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Após ver seu ex-namorado sair, Andrea se desfez sobre o sofá. Ela sabia que havia feito o certo, não poderia sustentar aquela situação. Paulo era bom de mais para ela, ele merecia de fato alguém melhor. Mesmo merecendo, não era o que ele queria. O que ele queria era apenas a sua namorada de volta. Apesar de saber que fora uma completa idiota com o ex-namorado, que culpa tinha ela por se apaixonar por outra pessoa? Não foi por maldade, não foi intencional, mas o amor tem dessas coisas, acontece do nada. Um dia foi “oi”, num outro qualquer “eu te amo”. O amor ainda existe muito forte, após morrer entre o casal ele se transmuta para memória. Ele se torna imortal. Em memória Andrea sempre amará Paulo, que ironicamente a amou de verdade, mas em memória a eternizou em ódio. Duas faces da mesma moeda que nunca se encontrarão.<o:p></o:p></span></div>Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7349124085676874507.post-47910553249553967492012-03-02T19:34:00.002-08:002012-03-02T19:35:43.273-08:00Oasis<div class="MsoNormal"><span style="font-size: 26.0pt; line-height: 115%;">E</span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">u estava cansado de caminhar, meus pés descarnados reclamavam da ausência de forças para continuar. Andando naquele deserto eu não conseguia mais me encontrar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O mundo não era aquele mar de areia, tampouco o céu descoberto, sem abrigo. Todos seguiam seu caminho por entre as dunas e encontravam o seu Oasis. Todos menos eu. Sozinho no mundo de pedra refinada, com a alma exposta ao sol eu vaguei. O calor alucinante, vertigem de emoção, eu já não distinguia o que falava o meu coração. Dizem que é o próprio homem que se condena a demência, quando a realidade não o satisfaz. Falam que somos nós, com o nosso descontentamento, que transformamos as mais férteis terras dos sentimentos no solo miserável de um deserto. O meu deserto.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Falar que a areia ou o calor são o motivo da minha desgraça seria mentira, já que sob as mesmas condições a vida se prolifera em abundância, entre cactos e lagartos, flores e insetos. Não, o que me condena ao caminhar incessível são as miragens que se formam para mim. Miragens com nomes, nomes de pessoas. Cada uma se mostrando mais belo Oasis que a outra. Porém, ao tentar aplacar a minha sede, percebo-me ingerindo areia. Areia que me enche de desgosto, que me faz pensar que todos os outros Oasis são também ilusões.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No deserto do amor eu não caminho, apenas vago. Vou vagando por entre as miragens, ação que com o tempo torna-se menos penosa. Mesmo sabendo que são miragens, elas se tornam mais reais, mais belas. Por vezes eu quase posso sentir o frescor da água, o sabor de uma fruta, o aroma de uma flor. Essas ilusões se tornam mais consistentes, talvez porque eu as faça assim. Talvez porque os longos anos no deserto me fizeram crer que na verdade nunca haverá de fato um Oasis. Algumas miragens me disseram ser verdadeiras fontes de água pura, e eu por momentos de inocência acreditei. A ilusão entorpece-me os sentidos e eu me envolvo, perco-me nos delírios de um corpo quente sobre o meu. De quando em vez sinto-me sóbrio e descubro que este corpo nada mais é que a própria areia escaldante brincando sobre mim. E assimilando novamente a realidade eu me afasto rumo ao incerto.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mesmo sem grandes mudanças de cenário, os desertos podem ser perigosos, como quando as benditas tempestades de areia vêm para fustigar a alma. São vultos, lembranças, arrependimentos. A nuvem asfixiante que se forma me faz repensar decisões, arrepender-me de não ter me entregado de corpo, alma, e sangue à última ilusão. Mas mesmo dolorosa, mesmo longa, a tempestade acaba após algum tempo. E com o céu claro sobre a minha cabeça eu consigo pensar novamente.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não sei se de fato existe um Oasis onde eu poderei descansar os meus pés. Ainda não descobri se as pessoas que cruzaram o meu deserto já encontraram seus Oasis, ou se ainda estão perdidas atrás de miragens como eu. Estou longe de compreender se eu sou um Oasis andante, ou se sou apenas mera ilusão. Só sei que nesse deserto desolador de pensamentos conflitantes eu me encontro de pé. E com as forças que me restarem eu caminharei rumo ao que o deserto tenha me reservado. Eu vagarei até encontrar; Meu Oasis.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div>Muringahttp://www.blogger.com/profile/18102611176541196839noreply@blogger.com0