Sou um idiota pensante, pensando em idiotices.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
(Um milkshake de cappuccino por favor)

Esse texto não tem nada a ver com o fim de ano, tampouco com as promessas para o mesmo.

É engraçado perceber como o tempo passa e a cada dia eu me transformo mais no homem que eu nunca desejei ser. Não desejava ser por motivos ideológicos, motivos estes até muito lógicos.
Quando criança vendo meu digníssimo pai em seus esforços para com a família, eu decidi que queria ser como ele. Homem de palavra, de ação. Um homem que trabalha incansavelmente para sustentar os seus.
O homem que eu jamais poderia me tornar.

Ainda criança eu vi minha mãe cuidar de mim e da família, e como ela, eu queria ser decidido. As mães possuem os nervos necessários para que as coisas não desabem. A coragem nos olhos e a força nas mãos que dão carinho e corrige. Uma mulher que eu nunca conseguirei copiar.
Os heróis me diziam que o bem sempre vencia, que a verdade prevalecia. Ver centenas de vilões indo para a cadeia me fez desenvolver um forte senso de justiça. Justiça da qual eu nunca vi ser feita.
Na escola eu era focado, conhecimento abundante para uma mente vazia. E como uma esponja, eu absorvi todo lixo que em mim fora despejado. Conhecimento burro, conhecimento para me nivelar na sociedade e manter minha mente fechada. Pena que só descobri tarde de que na escola a última coisa que eles querem que você faça é pensar. Aprenda seus métodos, copie sua didática. Seja um bom aluno. Bom, eu fui, ao menos por algum tempo. Eu questionei quando em um momento de lucidez percebi-me fora daquele bordel, daquele antro da perdição, questionei o sentido daquilo. O sentido da vida.
Como vocês podem imaginar, daí para frente minha vida desandou. Uma pessoa que vai contra a "escola" não pode ser bom sujeito. Vergonha em casa, vergonha na rua. O garoto rebelde, um rebelde sem causa. Sou eu.
Algumas pessoas perceberam que eu havia visto de mais e me aconselharam; "Menino, estas coisas a gente não questiona. Se todo mundo faz assim, por que você tem que ser diferente?"
Minha mãe me ensinou que eu não sou "todo mundo", e assim eu continuo não sendo. Eu apontei o dedo, briguei, me desgastei. Para quê? O que mudou? Nada. Nada mudou. Ninguém sequer me escutou. E foi aí que eu descobri que é totalmente possível nadar contra a correnteza, porém não existiria ninguém para me auxiliar. É um caminho possível de ser tomado, mas a escolha desse requer solidão, ao menos de pensamento.
Eu sempre pensei que pensar era uma grande virtude. Afinal era a partir de pensamentos e reflexões que surgiam as grandes soluções, as invenções. Errei neste ponto. Para solucionar qualquer problema o ideal é que pensemos bem pouco nele, e que façamos a primeira idéia que nos transcorra a mente. Por quê? Ora, quando você eleva seus pensamentos, ou quando você os aprofunda em um determinado ponto, você acaba por descobrir outras soluções, e outros problemas para estas soluções. Pensar de mais, como em meu caso, é um problema. Se você pensa muito, você deixa de fazer algumas coisas, e logo fica estagnado.
E então qual é a solução para uma mente ativa, com excesso de pensamentos, e uma profunda repulsa aos "comuns" que nos são impostos pela sociedade? A solução me veio com o nome de "amor".
Dizem que o amor destrói barreiras, move montanhas, dizem que Deus é amor. Mas não confundamos, o amor de Deus é um outro amor, e não este amor de "pica" que todos insistem em levar aos extremos.
Eu fui atrás deste amor, eu saí da minha caverna e fui me relacionar com meus semelhantes. Como pensador, eu não posso negar que todas minhas experiências amorosas foram no mínimo um tanto quanto esclarecedoras sobre o que é o ser humano. Uma pessoa que não se relaciona afetivamente com uma outra não sabe da metade do que um homem é capaz. É estranho perceber que quando estamos a dois nós ficamos mais burros. Casal é uma coisa burra. Não gostaria de me aprofundar nesse aspecto uma vez que foram tantas as minhas conclusões que as mesmas eu deixarei apenas para mim. Resumindo, no amor não encontrei nada menos do que mais falhas. Falha no meu caráter, no dos outros. Falhas no sistema conjugal atual. Estar junto é ótimo, inegável. Mas qual preço pagamos por isso?
Uma vez visto que o lado amoroso não traria nenhum fruto eu me voltei ao espiritual. "A religião deverá trazer respostas", eu pensei. Mentiria aqui se disse-se que me trouxe qualquer explicação pláusivel sobre o mundo e seus problemas. A minha religião me trouxe um alento, um sopro de vida, uma luz no fim do túnel. Eu não tinha as respostas, mas sabia quais eram as perguntas, e como nela eu descobri, quem melhor do que eu para responder as minhas próprias perguntas?
A mente humana é podre e diabólica, mas no mundo dual estas características se revertem com velocidade espantosa. Isso faz dos homens seres terríveis, e ao mesmo tempo maravilhosos.
Eu não coloco um pingo de fé nesses homens que habitam a Terra, e não acho que haverá qualquer tipo de salvação nos esperando. Não com a mentalidade que carregamos agora. Somos extremamente egoístas, prepotentes, mentirosos, arrogantes, entre outros adjetivos que nos esforçamos para não revelar. A mudança necessária existe, e eu espero algum dia atingi-la. Eu anseio verdadeiramente me tornar algo diferente do que sou hoje. Se eu conseguirei, impossível dizer, mas tentar eu vou.
Não acredito que seja útil ficar se lamentando. O tempo todo as pessoas se vitimizam para obterem falsa sensação de humanidade, quando na verdade somos o próprio "demo" arrebentando com as vidas alheias, ferrando de todas as maneiras qualquer possibilidade de uma vida digna.
Somos nós, autores da nossa própria vida, escrevendo páginas de pura mentira. Gostamos de viver em um mundo completamente surreal, adoramos sentirmo-nos protagonistas dessa história de terror, que é viver nesse planeta.
Quem sou eu para escrever este tanto de baboseira? Ninguém, ninguém mesmo. A diferença que eu faço na vida das pessoas é a mesma que um copo descartável faz á aqueles que precisam da água. Eu sou um dos meios de consegui-la, mas posso ser completamente discartado. Sou um idiota pensante, pensando em idiotices. Mas por favor, não joguem estas palavras nas trevas de seus pensamentos. Conserve-as na luz, mesmo que essa verdade seja ainda bruta. Verdade bruta sim, porém não totalmente errada.

Abraços de um maluco pensador,
                                                        Muringa.

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E aí o café estava bom?