Júri simulado

quarta-feira, 29 de junho de 2011 1 comentários
(um chá mate gelado)

Bom, ontem eu participei de um júri simulado. Este júri acontece anualmente na minha escola e é bem visto por todos. A escola para no dia para que cada turma tenha a sua seção. Cada sala escolhe um tema que normalmente gira em torno da legalização das drogas, homofobia, aborto, maioridade penal, e etc.
Minha sala quis fazer diferente este ano e escolhemos um tema atual, porém não familiar a muitos pois atinge apenas as pessoas da escola. O tema era sobre a reabertura de outras unidades da instituição que foram fechadas pela cidade.
Eu fui o promotor e me dediquei a defender as leis, que mostram claramente que o ensino médio é de responsabilidade do estado e não do município. Eu estudei, me preparei, fiz entrevistas e reuni leis. Tudo para que a realidade fosse mostrada.
Meu oponente, o advogado, defenderia que não era justo com a cidade o fechamento destas unidades e que as propostas feitas pela prefeitura não satisfaziam a população. Até aqui tudo bem.
Eu rumei para minha  própria derrota, uma vez que todo o júri era composto por estudantes da instituição da qual estaria fechando as unidades.
Argumentei, falei, ironizei, protestei e fiz das tripas coração. Provei por A + B que tudo o que estava acontecendo fazia parte de um  processo muito maior, uma reestruturação. Apresentei as leis, falei das melhorias e de como trocar o médio regular pelo médio integrado seria, e é uma ótima coisa para todos.
Meu oponente usou do lado emocional, disse com muita convicção que tudo estava errado, que uma coisa que vinha dando certo não preciraria de mudanças. Ele fez inumeras especulações e denuncias graves como lavagem de dinheiro e que a atual prefeita Marilia Campos era ladra e omissa com a cidade.
Meu oponente assim como eu, argumentou bem e com clareza nas idéias, porém não apresentou solução alguma. A causa que eu defendia já estava em andamento, é algo palpável, perceptivel. O que ele fez durante uma hora e meia fora apenas contar do saudosismo da cidade para com a intituição, em como sonhos seriam perdidos entre outras sentimentalidades.Ele foi da leitura da bandeira da cidade até falar de Deus, e em como ele esta com a gente, quase chorei (ironizando de novo em?).
Resumindo, três votos para ele, dois votos para mim.
Eu perdi de maneira justa e irrefutável. O que me levou a uma simples conclusão. O governo que tanto estava sendo criticado fora eleito por eles mesmos. Tudo o que fora dito pelo adversário foram palavras, mas nenhuma era a solução ao problema. O brasileiro vota com duas coisas; olhos e coração. Poucos da platéia (que estava lotada no auditório) se quer pensaram no todo. Era apenas dado a atenção ao que os olhos viam e aos seus sentimentos de perda e frustração.
Eu sou aluno da mesma intituição e sei dos problemas que ela vêm passando. Se for olhar pelo lado "sentimental" ou como fora alegado pelo meu rival, pelo "dever moral" do governo com a cidade seria sim correto que a prefeitura mantivesse um instituição de ensino médio da qual ela não recebe verbas para manter, que continuasse aberta. Mas a realidade não consiste nas coisas do "achismo" e do saudosismo. É preciso que olhemos focados para a realidade da cidade para que possamos compreender o motivo das transformações.
Uma vez que a seção ja fora encerrada e eu perdi, não choro aqui minhas máguas.
Só espero que no momento em que eu votar para qualquer que seja o cargo político, eu possa fazer uma escolha consciente, para depois não ficar chorando e dando voltas atrás do próprio rabo.
Sem maiores delongas este é o fim do vitorioso dia em que eu perdi.

Muringa.

Primeiro acorde. Agora sim pode ler.

terça-feira, 21 de junho de 2011 2 comentários
(um café forte para eu levantar)

Primeiramente acorde bem.

Estou aqui hoje para relatar um crime contra todos os seres humanos. Neste mundo existem vários problemas que afligem o homem, mas poucos são mais aterradores que o terrível "acordar cedo".

Levantar de forma forçada (usando despertador) é uma violência contra seu corpo. No meio do sono gostoso, daquele sonho bom, um som infernal te procura os ouvidos e com o menor dos esforços lhe arranca de solavanco das maravilhas da terra da liberdade.

Algumas pessoas para amenizar suas desgraças, mudam o diabólico som do despertador para uma música de seus agrados. Porém o sentimento de raiva se mantém. Ao abrir os olhos lembrando-se de todos os compromissos que nos aguardam, de todas as coisas chatas que nos chamam para o mundo, o ódio do momento nos tornam máquinas de morte (mesmo que por poucos minutos).

Outros fatores devem ser levados em consideração. Quando esta muito frio, qual é a sua vontade de sair das quentes cobertas que os cerca. Qual a vontade de levantar e lavar o rosto, ou até mesmo tomar um banho?

E quando chove forte, céu escuro, quais motivos o convenceria a sair para um lugar onde o mundo parece estar acabando-se em água?

O fato é que levantar de forma não natural, "anatural", anormal, deveria ser considerado crime contra a humanidade.

A única maneira que acordamos bem, é quando sabemos que neste dia, cheio de coisas complexas e desinteressantes, encontraremos em algum momento a pessoa amada. Levantar com aquela expectativa de um novo e brilhante dia apaixonante esta por vir torna o ato do despertar mais fácil.

Mas NÃO se iluda, que este benefício só existe para os que estão in love, para nós meros desapaixonados, levantar continua uma bosta.
Bom dia a todos!

Muringa

Opacidade

quinta-feira, 16 de junho de 2011 2 comentários
(um turvo café)

Viva a opacidade! Viva a não-transparência!

As pessoas atingiram um nível de serem sem noção que vai além do normal. A "lei" do politicamente-correto está dando no saco, a transparência cobrada não é, não deve ser, e nunca será aplicada.
Não estou sendo extremista nem lúdico. Vejam o porque comigo. Imaginem se todos decidirmos sermos transparentes em nossas relações. A primeira onde seria o maior índice de termino de namoros e casamentos na história mundial. Entre pais e filhos seria a mesma coisa, iriam se distanciar por divergências naturais de opinião e outras discrepâncias. Chefe e subordinado nunca chegariam a existir, uma vez que o empregado se recusaria a atender as verdadeiras intenções do chefe.
Ou seja, a tal transparência é sim muito boa e nobre. E seria muito bom viver em um mundo onde sabemos o que o coleguinha ao lado esta pensando, ou não? Não! A opacidade que digo não é a mentira propriamente dita, mas sim a não transparência de coisas que você sabe não ser de boa procedência ou que acarretará processos de irritação extrema que são desnecessários.
Parem com esta mania de pagar de "eu sou justo e correto" quando o mesmo NÃO é funcional.

Viva a opacidade moderada.

Muringa.

Autobiografia, o espelho.

quinta-feira, 9 de junho de 2011 3 comentários
(um cafézinho com açúcar)

Eu descobri que sou chato.
Não uso óculos de sol, piercing, brinco, colar, pulseira, tornozeleira, tatuagem, anel, munhequeira, bandana, lente de contato, alargador, nada. Isso me dá uma sensação de liberdade, de diferença.Ah, e têm isso também, eu me acho diferente.

A minha diferença realmente existe, assim como em todos os demais. Paradoxal, no mínimo. Todos os motivos nos quais me vejo diferente em relação aos outros eu descobri que se enquadram perfeitamente em uma simples definição: chatice.

As vezes como força de meu signo, ou tolice minha mesmo, me vejo em momentos de reflexão, olhando por cima de todos, com os olhos do ego. Aquele onde eu me torno um Deus perante os pobres mortais que me cercam, onde todos não estão á altura do que se propõe a fazer, ou não fazem com a maestria com que eu faria. Mentira.

É engraçado como uma pessoa que como eu tem estes lapsos de superioridade, consegue em um segundo compreender que tudo é fruto da sua fértil imaginação e que na verdade o único incompetente sou eu.. Não, não, sem "vitimismo". Só sei o meu lugar.

Vivendo entre outros da minha mesma espécie, os humanos, aprendi muitas coisas. Coisas completamente inúteis, coisas bobas e até mesmo coisas importantes, como o ciclo da água e a mudança temperamental feminina. Compreendi que muitos dos problemas que me afligem são consequência de minha própria mania de ser chato. A solidão é uma delas.

Sabe aquela do lobo solitário? Então, não se aplica a mim. Estou sozinho porque a minha chatice não deixou nenhuma doninha (perdoe-me a expressão) atingir o foco principal, o meu coração. Não, eu não acho que ser solteiro me torna alguém pior do que os outros, já que eu vejo muitas vezes na relação à dois, os bananas de pijama. Duas pessoas que retiraram parte de seus cerebros somente para poderem pensar juntas, nada se faz sozinho. Não vou me ater no lado afetivo, uma vez que não faço deste meu objetivo de vida.

Encontrei na escrita uma forma de transformar a imaginação que me faz ser "Deus", uma forma de me tornar um Deus efetivo. Não o Deus das orações, mas sim um Deus menor, como nas mitologias. Afinal o escritor, o narrador, são os fundadores do mundo a que se dirigem. Gosto de transpor ideias malucas para o papel, e fazer delas histórias das quais, penso eu, sou o único leitor. Me enveredar na escrita foi um coisa boa que veio da minha amizade com pessoas de um passado obscuro.

Obscuro? Não, também não vejo a reprovação na escola como obscuridade ou incapacidade, mas sim um forma de mostrar que a pessoa não esta madura, ainda criança no corpo de homem. A reprovação trouxe para mim um mundo novo, onde as coisas devem ser feitas com uma certa ordem e dedicação. Não me aprofundarei também no quesito educação, já que não concordo e não a vejo no Brasil sendo aplicada de verdade. Resumindo a reprovação me fez ver um outro lado, o lado onde as coisas acontecem, ação e reação.

Tudo neste vida nos traz experiência. Escrevi sobre o sol ao amor, das estrelas às mudanças. Li de Machado de Assis e também Mauricio de Souza, e tudo isso me aguçou o senso crítico, me antenou os ouvidos e me fez rir das besteiras que falei também das que escutei, besteiras estas vindas de pessoas das quais sempre tive apego e ou admiração.

Não me limitaria dizendo que sou alguém melhor, já que vivo preso no mundo das dualidades. Sempre que penso em mim de forma apreciativa acabo encontrando ações dignas de um porco. Pobre do porco que leva em seu nome o título das coisas ruins e sujas.

Visto que tudo o que escrevi foi retirado de uma breve reflexão da minha curta vida, compreendo que quanto mais buscarmos dentro de nós, mais acabaremos por descobrir quem somos nós. O quanto mudamos e aprendemos com as coisas simples da vida.

Concordo com alguém que não me recordo o nome, ele disse assim "A diferença entre a escrita e a terapia é que quando eu não escrevo não preciso pagar o dia".

Sou um chato, um chato querido.

Muringa.

Ela

terça-feira, 7 de junho de 2011 4 comentários
(O expresso)

Ela.

Quem é Ela que habita minha imaginação?
O que Ela faz ali na escuridão, espreitando-me?
Sabe que é dona do meu pensamento,
e faz de minha vida seu jogo.

Ela que um dia não era ninguém, hoje,
torna-se bem mais importante que qualquer outro alguém.
Me conhece tão bem, vêe-me com tanta transparência,
que faz de minhas vontades, meus sentimentos, suas armas.

Só não sabe Ela que faço destas palavras sua sentença.
A partir de hoje ganhará nome, sairá do anonimato.
Será chamada sempre de Bela, porque antes mesmo de a conhecer,
sei que apenas Ela amarei.
                                      
                                                            Arthur Fortes Moreno Fernandes


Muringa.