Autobiografia, o espelho.

quinta-feira, 9 de junho de 2011
(um cafézinho com açúcar)

Eu descobri que sou chato.
Não uso óculos de sol, piercing, brinco, colar, pulseira, tornozeleira, tatuagem, anel, munhequeira, bandana, lente de contato, alargador, nada. Isso me dá uma sensação de liberdade, de diferença.Ah, e têm isso também, eu me acho diferente.

A minha diferença realmente existe, assim como em todos os demais. Paradoxal, no mínimo. Todos os motivos nos quais me vejo diferente em relação aos outros eu descobri que se enquadram perfeitamente em uma simples definição: chatice.

As vezes como força de meu signo, ou tolice minha mesmo, me vejo em momentos de reflexão, olhando por cima de todos, com os olhos do ego. Aquele onde eu me torno um Deus perante os pobres mortais que me cercam, onde todos não estão á altura do que se propõe a fazer, ou não fazem com a maestria com que eu faria. Mentira.

É engraçado como uma pessoa que como eu tem estes lapsos de superioridade, consegue em um segundo compreender que tudo é fruto da sua fértil imaginação e que na verdade o único incompetente sou eu.. Não, não, sem "vitimismo". Só sei o meu lugar.

Vivendo entre outros da minha mesma espécie, os humanos, aprendi muitas coisas. Coisas completamente inúteis, coisas bobas e até mesmo coisas importantes, como o ciclo da água e a mudança temperamental feminina. Compreendi que muitos dos problemas que me afligem são consequência de minha própria mania de ser chato. A solidão é uma delas.

Sabe aquela do lobo solitário? Então, não se aplica a mim. Estou sozinho porque a minha chatice não deixou nenhuma doninha (perdoe-me a expressão) atingir o foco principal, o meu coração. Não, eu não acho que ser solteiro me torna alguém pior do que os outros, já que eu vejo muitas vezes na relação à dois, os bananas de pijama. Duas pessoas que retiraram parte de seus cerebros somente para poderem pensar juntas, nada se faz sozinho. Não vou me ater no lado afetivo, uma vez que não faço deste meu objetivo de vida.

Encontrei na escrita uma forma de transformar a imaginação que me faz ser "Deus", uma forma de me tornar um Deus efetivo. Não o Deus das orações, mas sim um Deus menor, como nas mitologias. Afinal o escritor, o narrador, são os fundadores do mundo a que se dirigem. Gosto de transpor ideias malucas para o papel, e fazer delas histórias das quais, penso eu, sou o único leitor. Me enveredar na escrita foi um coisa boa que veio da minha amizade com pessoas de um passado obscuro.

Obscuro? Não, também não vejo a reprovação na escola como obscuridade ou incapacidade, mas sim um forma de mostrar que a pessoa não esta madura, ainda criança no corpo de homem. A reprovação trouxe para mim um mundo novo, onde as coisas devem ser feitas com uma certa ordem e dedicação. Não me aprofundarei também no quesito educação, já que não concordo e não a vejo no Brasil sendo aplicada de verdade. Resumindo a reprovação me fez ver um outro lado, o lado onde as coisas acontecem, ação e reação.

Tudo neste vida nos traz experiência. Escrevi sobre o sol ao amor, das estrelas às mudanças. Li de Machado de Assis e também Mauricio de Souza, e tudo isso me aguçou o senso crítico, me antenou os ouvidos e me fez rir das besteiras que falei também das que escutei, besteiras estas vindas de pessoas das quais sempre tive apego e ou admiração.

Não me limitaria dizendo que sou alguém melhor, já que vivo preso no mundo das dualidades. Sempre que penso em mim de forma apreciativa acabo encontrando ações dignas de um porco. Pobre do porco que leva em seu nome o título das coisas ruins e sujas.

Visto que tudo o que escrevi foi retirado de uma breve reflexão da minha curta vida, compreendo que quanto mais buscarmos dentro de nós, mais acabaremos por descobrir quem somos nós. O quanto mudamos e aprendemos com as coisas simples da vida.

Concordo com alguém que não me recordo o nome, ele disse assim "A diferença entre a escrita e a terapia é que quando eu não escrevo não preciso pagar o dia".

Sou um chato, um chato querido.

Muringa.

3 comentários:

{ Leandro soriano } at: 9 de junho de 2011 às 05:58 disse...

Esse café está muito bem feito. Está acertando a mão como se diz a um bom gourmet das letras. A vida de um escritor se resume em não saber o que é a vida. Por isso, ele passa a vida tentando descrevê-la. Esse exercício da alma, oxigena os seus pulmões de tal forma que o fôlego obtido é fator indispensável para mergulhar fundo em sí mesmo.

Abraços do amigo.

{ Let's } at: 12 de junho de 2011 às 13:18 disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
{ Let's } at: 12 de junho de 2011 às 17:47 disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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E aí o café estava bom?