Eu queria

domingo, 11 de novembro de 2012 0 comentários


Queria por você debaixo de minhas axilas tal como a baguete vai com o francês.
Queria saber te deixar tão solto como o saco do escocês.
Queria entender a razão da má fama de um japonês.
Queria ouvir o canto vívido sobre nós da boca de um libanês.
Queria gostar do cheiro do seu bacalhau como gosta o português.
Eu queria, acima de tudo, que esses pequenos versos atingissem você como sabe fazer o bom paquistanês.

Minha pá

terça-feira, 30 de outubro de 2012 1 comentários

Eu tenho uma pá grandona. Muito grande mesmo. Grande demais.
Ela é suficiente para desenterrar todas as coisas que estão sob a terra.
Ela tira ossinho, mais fundo. Ela tira esqueleto, mais fundo. Ela tira fóssil, bem fundo.
Minha pá é espectral, que nem Ghoust Busters teriam.
Ela tira mal olhado do alguém. Ela tira alma penada do além. Ela me protege como ninguém.
Pensei em nomeá-la. Pensei em um nome profundo, mas mais profundo mesmo é onde essa danada consegue chegar.
Ela é violadora, não respeita nada alheio.
Cava, tira, expõe.  Trás à luz tudo que as trevas já haviam dragado. Pá purificadora, sacra.
Ela tira emoções, de dentro. Ela encontra o passado, veneno. Ela bate com força, ao terreno.
Mas como nada nessa vida é uno, minha pá profunda também age de má fé.
Por quantas vezes a grandona não enterrou meus erros, soterrou meus desejos, e desapareceu com minhas verdades?
Essa pá pode enterrar como nenhuma outra faria. Sua terra não é comida de minhocas. Sua terra não pode ser arada, tratada, revirada, trabalhada. É terra que quando dado um último tapinha com as costas da pá sobre ela ainda fofa, sela como uma prisão. Se tranca como um cofre.  Se perde como em Lost.
Retirar as coisas que a minha pá já enterrou é um hobbie para mim, um árduo, e que demanda de força. Ela não gosta de brincadeira. Quando dado por encerrado um trabalho, ela, minha querida pá, se reluta em desenterrar o que já fora feito. Mas eu nem ligo, continuo tirando tudo o que ela jogou nas trevas claustrofóbicas do subsolo.
Minha pá não se enferruja, não se desgasta, não se acaba com o tempo, mas eu sim.
E chegará o momento onde eu não terei mais forças para levantá-la. Nem para enterrar, tampouco para desenterrar.  Momento em que não me fará mais diferença esses pequenos detalhes.  Momento onde o superficial e o profundo serão a mesma merda, a mesma benção. Tudo e nada. Momento em que eu fecharei meus olhos e descansarei, finalmente, meus braços.
Mas até lá... é só eu e minha pá.

Eu tive medo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012 0 comentários

Eu tive medo de um dia dizer "te amo" e nunca mais poder retornar a ser quem eu era.
Nesse medo louco chamado orgulho eu me escondi.
Por anos vivi a sorrir e sem deixar transparecer. Eu sofri.
Tive medo de abrir meu coração e descobrir que nele não haveria mais espaço para um outro alguém que não eu.
Queria sempre estar livre, sem peso. Mas pesado mesmo era minha solidão.

"Então, humano que sou, tive que desistir das minhas defesas".
E para aquele que então tinha disposto a adentrar naquilo que me era de mais precioso, se perdeu.
O caminha era tortuoso e por vezes enganava. Eu como guia tentava facilitar a jornada, indicava os meios, mas por vezes o viajante precisa descobrir sozinho.

Morreu. Disse-me que não entendia mais as mensagens, que nossa língua não era mais a mesma.
Correu, para o meu caos.
Abandonado, sem chão, me deixei dragar por inexplicável pesar.
Eu perdi uma parte de mim ao tentar.

Nunca fiz ato mais corajoso do que o de me entregar.
Dizer a verdade, compartilhar.
Um homem é pleno, sua vida ganha sentido, ao amar.
Eu me entreguei.

Tolo aquele que se engana dizendo não precisar de amor.
Infeliz aquela que brinca com o amor dos outros.
Eu, que tive medo, descobri que o amor liberta.

Após abrir-se uma vez não existem mais motivos para se trancar novamente.
A prisão não é estar junto, mas sim sozinho. A cela que te cerca é a da solidão.
De trás das barras não há amor, não há carinho, nem atenção.

Eu tive medo, mas isso foi antes.
Eu te amei.
Eu tive medo, e agora não o tenho.
Aprendi a amar.
Não tenha medo.

Sengue Negro: parte 1

quarta-feira, 22 de agosto de 2012 1 comentários
Primeira parte do conto de suspense Sangue Negro.

Advertência: Este conto contém palavreado chulo e pode haver violência, descriminação racial, dentre outras formas de agressão. 
Esse conto não expressa a opinião do autor sobre nenhum dos temas abordados. 

Cama vazia

domingo, 19 de agosto de 2012 0 comentários
Depois de toda a algazarra a casa morreu. Nenhuma voz ou grito, gemido ou pedido. Silêncio do quintal ao quarto.
Andei por aqui e por ali procurando vestígios de quem esteve na casa, quem eram as pessoas que na euforia me puseram a dançar e cantar. Nada, ninguém. Nenhuma pessoa, nenhuma palavra. Não havia ninguém.
Me pus a pensar sobre o que eu senti e se fora real, afinal: Eu não estava sozinho, estava? O problema é que nada me recorria. Sabia que eram meus amigos, os melhores, e que a noite fora maravilhosa. Mas depois que tudo se vai, depois que o vinho seca, que a carne esfria, a sensação é de que nunca houvera ali qualquer celebração.
Das lembranças distorcidas na madrugada havia uma em especial que me incomodava. Minha cama estava vazia. Mas oras, não estava eu acompanhado? Não havia um homem no meu quarto? Onde fora parar? Nada fazia sentido.
Dei mais algumas voltas, recolhi copos e talheres sujos. Tentei calcular o grau de destruição, mas a verdade era que eu não me importava.
Fui até lá fora e procurei a lua, mas nem esta estava mais lá. Ninguém, somente o vento estava ali, e ele sussurrava maldades, zombava da minha solidão. Fechei a porta e deixei pra lá o enganador.
Subi incrédulo de que eu estava realmente sozinho. A cama vazia não mentia.
Me deitei, porém o gelo que só um colchão sem gente pode segurar estava ali. Inquietei-me, não conseguia ficar ali, sozinho. Eu não queria dormir só. Mas a cama estava vazia e não havia homem ali que dividisse meu leito.
Aquele cheiro de motel estava impregnado nos meus lençóis e eu sabia que aquelas curvas desenhada sobre eles não eram minhas, mas sim de um outro alguém. A cama não esteve vazia toda noite. Então por que agora estava?
Levantei, fui andar. Pensar um pouco, talvez ouvir uma música. Escrever.
Mas dormir já não podia, nunca mais eu iria dormir. Aquela cama vazia ficará para sempre sem meu calor. Aquele gelo, frio de ausência, iria permanecer lá, ninguém mais deitaria lá. A cama vazia permaneceria vazia. Sem mim. Sem ele. Sem nós.

Uma noite. Uma amiga.

sábado, 18 de agosto de 2012 0 comentários


Empatia? Não sei. Talvez seja essa a palavra que eu possa usar para com a Carla Diniz Alvim.
Essa mulher distinta, dona de um jeito único, me cativou de uma maneira singular.
Não bateu a primeira vista, mas quanto mais eu a conhecia, mais eu gostava.
Descobri nela muito de mim, uma parte obscura e negada em mim. Tudo o que era negado e velado em mim era nela exposto e livre. E era assim que ela atuava sobre mim, como raios de sol que vêm para revelar o que se esconde sob a penumbra.
Nossa amizade surgiu de maneira leve e natural, e vem se consolidando sem grandes esforços.
Amo-a como os ventos amam os cabelos.
Minha amiga Lésbica e ativista é meu sinônimo de liberdade.
Se hoje falo de homens, se hoje sou livre, é porque um dia ouvi Carla falar da vida com beleza e naturalidade.
Sinto-me feliz em tê-la ao meu lado. Em poder mandar uma mensagem sabendo que será ela minha receptora.
Espero que isso não morra, e que essa guerreira vença muitas outras batalhas.
Quero poder, lá na frente, dizer:
"Essa vadia é minha amiga."

2 Beijos do seu amado, Arthur Fortes.


(Pequeno texto retirado do livro "Recipiente" escrito num retorno embriagado para casa).

Só queremos ser felizes.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012 0 comentários

É engraçado pensar que a busca da felicidade é algo constante na nossa vida. Mais curioso ainda é pensar que se nesse exato momento pararmos de procurá-la já a teríamos encontrado. Estaria aqui, do nosso lado. Num dia ensolarado, num café com leite, no sorriso de uma criança, na água que bebemos. Fragmentos de verdadeira felicidade se juntariam no mosaico da vida, e de uma maneira prática seriamos de fato felizes.

Não sou diferente de ninguém, eu só quero ser feliz. Nessa busca torta por uma felicidade desconhecida machucamos quem não queríamos, descobrimos outras facetas de nossas personalidades. Boas também são algumas surpresas, como descobrir que o simples fato da pessoa amada te olhar faz bem pro coração.

Procurando ser feliz nos transformamos continuamente, para tentar atingir o ápice daquilo que entendemos como felicidade. Aquele que nunca virá. Mudamos o cabelo, a roupa, os amigos, os parentes, de casa, de profissão, de princípios. Tendemos a externar, em "outrar", a felicidade. E por "outrar" eu quero dizer tornar outro, fazer com que a felicidade sempre esteja como alvo naquilo que ainda não temos. Ou seja, queremos muito algo até que conseguimos, imediatamente a felicidade abandona este algo e transfere-se para um outro, alguma coisa que ainda não nos era percebido. Desse modo a insana jornada em busca da felicidade suprema nunca termina.

Alguns descobrem isso a tempo e decidem contentar-se (contentemente, e sim isso é possível) com aquilo que já adquiriram. Seja num matrimônio, numa conquista material, num nível espiritual. Pessoas verdadeiramente felizes por simplesmente estarem vivas mais um dia.
Regressão também acontece, e podemos perceber que essa felicidade nada mais era além de uma ilusão forçada por nós mesmos para não termos que nos desgastar atrás da verdadeira felicidade.

Ser feliz é possível. A felicidade não é sorrir o tempo todo, não é ter rios de dinheiro, não está num corpo sarado. Estas coisas nada mais são do que reflexos da felicidade. A verdadeira felicidade é poder parar. Parar de sofrer, parar de querer, parar de ter que ser, parar de pensar, parar de chorar, parar de rir. Ser feliz é não depender de nenhuma dessas coisas para saber compreender as coisas que nos cercam. Abandonar o olhar unifocal e parcial para abranger novos horizontes. Ser feliz é ser humano de fato, e não esta máquina de produzir sonhos que nós nos tornamos. Ser feliz é ser, e não querer ser.


Nado sim. Nado assim. E a culpada é minha mãe!

sexta-feira, 15 de junho de 2012 0 comentários

Se eu não me dou bem em grupo, se eu não sei passar a bola, a culpada é minha mãe! Ah se ao invés da natação eu tivesse feito algum esporte em equipe.Veja bem que por cinco longos anos eu fiquei sozinho nadando numa raia individual.
Quando na água, eu não pensava em nada além de mim. Era eu e minha mente, flutuando entre braçadas e pensamentos. Sim, era só eu e a minha cabeça louca. Eu não tinha que passar a bola, não tinha que dar suporte a ninguém, não tinha que pedir ajuda, não tinha que me doar a nada. Foram cinco longos anos de auto suficiência.
Lá, imergido na água e em mim mesmo o assunto se matinha estrito entre o objetivo e minha força de vontade (e física) para cumpri-lo. Ou seja, quando desmotivado eu poderia simplesmente fazer corpo mole, nadar devagar, ou simplesmente não nadar. Era eu assumindo meus erros sem maiores consequências.
Ah, mas a vida não quer nadadores e sim jogadores de futebol. Você tem que saber jogar com outras pessoas. E eu não aprendi. Aprendi a ser o jogador de futebol nadador. Mas quem quer um nadador no time de futebol?
E a culpada é minha mãe!
No relacionamento a gente divide a raia com outra pessoa. Mas como é difícil nadar levando braçadas no rosto. E por vezes a pessoa infeliz nem nadar sabe, e apenas se agarra em seu pescoço levando ambos para o fundo do poço. Pensei por momentos em transformar a natação em nado sincronizado, mas criar sincronia com um estranho me parece burro. Não quero nadar igual. Quero aprender novas maneira de se portar sob a água. Desisti de dividir minha raia.
Os amigos por vezes se contentam em nadar de brincadeira. E isso sim é legal. Pular de bomba na piscina, flutuar despreocupado, por vezes mergulhar. Seria ótimo se conseguíssimos sempre ter lazer na piscina. E como seria...Mas a água é muito fria para alguns, outros preferem tomar sol, e alguns ainda nem gostam de clubes. Problemas certos.
Quando eu não quero falar com ninguém, não quero contato, basta que eu mergulhe minha mente e inunde meus ouvidos de água. Estou agora noutro plano! De quando em vez fico boiando inanimadamente, fingido estar morto. Fico o máximo, que os meus pulmões me permitem, deitado com as costas à superfície. Mas isso incomoda quem me procura. Ninguém quer falar com um defunto, ou ainda com alguém que tem os ouvidos cheios de água. Eles me querem seco e atento. Dizem que fujo dos problemas, que nadar para longe não é a solução.
No trabalho vivo dentro de um copo d'água, como os peixinhos dourado. Dentro da água, porém sem espaço. Não posso nadar ou imergir. Só fico ali, a mostra.
E a culpada de tudo é a minha mãe!
Pobre da minha mãe. Acho que se ela soubesse que este esporte do qual ela gosta tanto me custaria ser assim, um nadador, talvez ela não teria me feito pratica-lo. Ela poderia descobrir que atletas são pessoas determinadas e prestativas, mas que nadadores não podem ser incluídos nestes méritos. Nós nadamos sozinhos, e para nós.
Oh mãe, por que me fez um menino que deu com os burros nágua?
Mas eu mudarei tudo isso quando tiver o meu próprio. Filho meu não colocará os pés em água que seja! Onde já se viu menino peixe? Não, não. Meu filho vai ser um atleta completo, homem de valor,saberá dar tudo o que eu não soube. Será aclamado pela nação, encorajado pelos amigos, e amado em seus amores.Sim, já posso vê-lo sendo melhor que eu. Ele fará atletismo, e ai dele se quiser do contrário.

Dois ursos e um veado.

sexta-feira, 25 de maio de 2012 0 comentários
ALERTA!

Em respeito aos leitores deste blog, é meu dever alertar que o conteúdo deste conto pode, de alguma forma, ser ofensivo e contêm temática adulta. Logo, aconselho apenas para maiores de 18 anos, e que leiam como leitores críticos, e não trolls.
Não esperava começar a maratona de maneira tão tensa, mas foi sobre este lado que quis começar.
Sem maiores delongas, o texto:

Como ovo

quinta-feira, 17 de maio de 2012 2 comentários
(um suco e uma omelete)

As vezes sinto-me como ovo. O ovo é forte, possui uma casca firme que lhe serve de proteção. Mas proteger do quê? De mim mesmo. Dos outros. De nada.

Até mesmo a dureza do ovo mais resistente não consegue impedir que todas as impurezas permaneçam do lado de fora do ovo. Silenciosamente a casca permite a entrada dos corpos estranhos. Não por escolha, afinal naturalmente a osmose da vida acontecerá, e então aquele ovo se adapta, muda. Algumas coisas enriquecem o sabor, outras o estraga. Algumas o fazem desidratar, e outras ainda o saturam de tal forma, fazendo a própria casca se desfazer.

Estes recipientes ovais são tão fortes por fora, porém tão frágeis por dentro. Seu conteúdo além de valioso (vida!) é muito frágil. Tenho medo de ter me agitado de mais, e por algum motivo ter virado um ovo mexido. Temo ter procurado por ser chocado com muita avidez, acabando por tornar-me choco.

Os ovos não vêm ao mundo para se preocuparem com o que suas cascas absorverão ou se defenderão. Eles existem apenas para permitir que a vida aconteça. Como posso me sentir um ovo, então? Não cabe a mim escolher o que será marcado em brasa, ou o que será rejeitado sem ponderação. Se não escolhemos o funcionamento de nossas defesas, para que temos casca?

Perguntei-me em momentos se os pensamentos realçam o meu sabor, ou se apenas me saturam, estufando-me. Acredito que dependendo da qualidade do pensamento, do tipo, da natureza dele, é que ira criar esta variação de efeito.

Não sei se chegarei ao ponto de estar tão saturado, que minha própria casca desfaria. E o que isso significaria?  Sem minha casca estaria eu livre, ou condenado para todo o sempre?

Eu, como ovo, me tornarei algo novo e cheio de vida, ou apenas me tornarei uma bela omelete na frigideira de alguém?

Sou ovo, mas de quê? De jacaré, cobra, pássaro, inseto, ornitorrinco, dinossauro? Eu tenho é medo. Medo de irromper a minha casca e ter que encarar o meu verdadeiro eu. E que Eu! (terrível Eu).

Mas por vezes sinto-me como homem. Sem cascas, sem medos, sem bicos, nem escamas. Sinto-me livre da obrigação de escolher o que ser. Eu, fruto do ventre, simplesmente sou que sou. Homem pensante, pensando que é ovo.

Diários de papel

quarta-feira, 16 de maio de 2012 0 comentários

Assim ficam compreendidos os fatos. Desta situação toda, nós podemos aproveitar melhor.
Que merda é essa?
Não é estilo, não tem moda. Só tem morte. Sem sorte. Tentando ser forte.
O que todo mundo sabe é que quem repete, repede o que fode. O que pode.
Eu já os conheço. Nas mangas de sua blusa.
Vai, vai, vai. Suba pra cima.
Verbo de ligação por excelência. Por excelência?
Não, não usamos!
Por um. Por um nós podemos.
Perdi mais espaço no papel.
Realizei a dois. O quê? Trabalhei a dois. Jogo de cintura.
As vezes um sorriso nos entrega mais do que confissão.
Perdeu o que? Cansei.
Tranquilo ser. De qual filme?
A mim, ninguém me espera não.
A mim, ninguém me engana.
A mim, ninguém me ama.
A mim, ninguém me tem.

Nada de tensão.

Não tem mais papel, mas minha caneta ainda tem muita tinta. 
Palavra.

Maratona

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(um café, e pão com manteiga)

Olá pessoas!

O Café do Muringa está entrando em maratona, mas o que isso significa? Significa que muitos textos estão sendo criados, e que depois de algum tempo em ritmo desacelerado, a cafeteria decidiu que chegou a hora de soltar o verbo sobre vocês.
Estou  trabalhando com contos (sabe, aqueles textos pequenos, lidos em apenas uma "sentada"), e adivinhem só? Estou amando. Vou criar uma página exclusiva para o meu Arquivo (área do blog destinada aos meus textos) onde vocês encontrarão todos os poemas e contos.
Não deixarei de escrever o meu diário (os desabafos, os causos, e etc), porém estarei dando maior atenção aos contos.
Espero que estas pequenas histórias sejam capazes de transportar vocês, mesmo que por um breve momento, para outras realidades. Suspense, ação, terror, romance. Pequenos momentos para prender a respiração ou desenrolar as lágrimas.
Espero continuar servindo à vocês o mesmo bom e velho café, o meu café.
Bjunda, Muringa.

Quedando em queda.

sábado, 21 de abril de 2012 0 comentários
Caio a todo instante, caio sem parar.
Caio tanto que até parei de reparar.
Disseram-me que por não ter atingido o chão eu já devo ter parado.
Mas a verdade clara é que não, eu continuo indo rumo ao chão.
Quedado em queda, quedando-me à queda.

Muitas são as mãos que por vezes se estendem.
É amigo, é irmão. São inimigos que se vão.
Como me esticam ajuda se também estão a cair?
Braços curtos, força pouca.
Caímos todos juntos, rumo ao chão.

Alguns caem rapidamente, são pesados, ou inclinam-se para que isso aconteça.
Outros se demoram, fingem não cair, vivem à brisa da queda.
Caio, ou me derrubam?
Caio porque me derrubam, ou me afundam porque caio?
Queda, caindo em si.

Nasce, cresce, morre caindo. Nunca atinge de fato o chão.
Existe um limite para esta queda?

Olho para cima e não vejo da onde caí.
Procuro lá em baixo, não vejo para onde cairei.
É por isso que me quedo na queda.
Não tem como não cair, mas tampouco como emergir.

Braços curtos, força pouca.
Querem me derrubar, quando na verdade eu já estou caindo.
Preso ao modo, caindo em si.

Café com ritmo

quarta-feira, 18 de abril de 2012 0 comentários
(badu, bada, badabadabudu ♫♪♫♪♫)

Olá amigo,

agora ,como você deve (provavelmente) estar ouvindo, o Café do Muringa tem ritmo também. E que batida é essa? O jazz!

Esse jazz gostoso, essa conversa músical, veio para acrescentar mais vida ao blog, que já está velhinho.
Espero que ter acrescentado este áudio faça com que a leitura dos textos que já era boa fique ainda melhor! Colocarei todo dia uma música nova para a playlist, para quem sempre o blog esteja renovado.
Ah, e deixem sua opinião aqui, comentem dizendo se gostaram da ideia ou não, deem sugestões. Deixem recados para mim, eu os leio (y).
Beijos do Muringa.

Café com ritmo

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(badu, bada, badabadabudu ♫♪♫♪♫)

Olá amigo,

agora ,como você deve (provavelmente) estar ouvindo, o Café do Muringa tem ritmo também. E que batida é essa? O jazz!
Esse jazz gostoso, essa conversa músical, veio para acrescentar mais vida ao blog, que já está velhinho.
Espero que ter acrescentado este áudio faça com que a leitura dos textos que já era boa fique ainda melhor! Colocarei todo dia uma música nova para a playlist, para quem sempre o blog esteja renovado.
Ah, e deixem sua opinião aqui, comentem dizendo se gostaram da ideia ou não, deem sugestões. Deixem recados para mim, eu os leio (y).
Beijos do Muringa.

Simbiose

domingo, 25 de março de 2012 3 comentários

Simbiose

Sinto sua vontade, transformo o seu ser.
Uma luta para não deixar-se dominar,
a força da razão se empenhando em neutralizar o meu poder.
Dor.
O sangue pulsa com violência, resposta do coração.
Seu corpo vibra, se contorce.
Suas mãos apertam minha carne querendo arrancá-la.
Ódio.
Meu olhar penetra sua alma, você já não pode resistir.
Feche-os, não olhe mais.
A mente falha, o desejo grita, e a boca saliva.
Prazer.
Pouco a pouco eu te domino. Logo eu sou você e você sou eu.
Meu sangue, minha carne, meu corpo.
A força de dois planetas que se colidem, origem da vida.
Nós.
Uma simbiose violenta que nos draga para o fim.
Consumimo-nos em chamas, mas das cinzas não voltamos.
O meu fim é em ti, como o sol no horizonte.
Deixamos.
Com último grito tudo se acaba.
Não existe mais nós, nem mais dois.
Somos nada, somos um.
Artificialmente um. Domínio simbiótico.

Universidade, um novo universo.

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(um café com leite e um pão na chapa)

Bom dia!

Entrar numa faculdade é o sonho de muitos, e por vezes este sonho é um tanto quanto específico, como por exemplo; entrar em alguma universidade federal. Uma vontade bastante inteligente, tendo em vista alguns aspectos, tal como a excelência de ensino, a didática inovadora, dentre tantos outros motivos.
Hoje falarei não sobre o estar lá dentro, fato que eu consegui, mas sim sobre o que acontece antes de entrar. O longo e árduo (não que tenha sido para mim) caminho até as portas de entrada para o universo acadêmico.
Existe uma grande inversão nos princípios da educação na atualidade; nós não estudamos mais para sermos críticos e racionais quanto pessoas, mas sim para sermos admitidos nos diversos campos de trabalho da sociedade e sermos aprovados nos testes impostos para nivelar o conhecimento. Dessa maneira, todo ser humano que ingressa na escola inicia uma longa jornada de limitação e condicionamento intelectual para que nos tornemo-nos aptos a ocupar lugar na sociedade capitalista. Não quero me estender nestas questão problemáticas uma vez que expor alguns pontos não trará nenhuma mudança real. A questão é; eu passei por tudo isso, do primeiro período até o terceiro ano do ensino médio. Com minhas quedas e tropeços.
Eu não estudei para o enem (o é compreendido como algo que avaliará se o aluno domina os conhecimentos do ensino médio), não precisei. Fiz o enem e a segunda etapa da universidade com os meus conhecimentos de ensino fundamental mesmo. Estou me gabando por isso? Não, não mesmo. Estou mostrando que esse sistema de avaliação é falho em si mesmo, esta tudo errado. Do inicio ao fim.
O foco dado nas decorebas, a edução se transformando em mercadoria, enfim, coisas que não deveriam acontecer no ambiente escolar, mas que pelo contrário vêm ganhando força dentro das escolas.
Entrar na faculdade é mais fácil do que parece, mas seria esse o método correto de ingressão? Será que eu que não estudei nada, que não tive uma boa base na educação deveria ser quem vai ocupar um lugar dentro de uma federal? E por outro lado, seria um estudante que veio de uma escola particular caríssima, que pagou os melhores cursinhos, que condicionou sua mente para as avaliações, que se limitou aos guias práticos de ensino, que deveria ocupar essas vagas?
Precisamos refletir. Neste primeiro texto sobre a minha ingressão na UFMG eu só quis contar um pouquinho de como se deu a minha entrada, e de como é ridículo os métodos avaliativos, que se baseiam em acumulo de métodos e conhecimentos, e não num pensamento crítico e lógico sobre a vida e suas "matérias".

Fausto Justo, o estagiário da Justiça: Conhecendo o Paraíso.

sexta-feira, 23 de março de 2012 0 comentários

Trabalhar com a Justiça não é nada fácil. Ela é muito temperamental, imprevisível, e ao contrário do que os humanos costumam dizer; ela não é nenhum pouco imparcial.

Oi, eu te amo.

sábado, 17 de março de 2012 3 comentários

Ao sair da faculdade Paulo decidiu comprar uma flor para sua namorada. Ele encontraria Andrea naquela noite. Ele estava muito feliz, era sempre assim quando ia de encontro a sua amada.  Estavam juntos há quase dois anos, se conheceram assim; ao acaso, coisa da vida. Um dia foi “oi”, num outro qualquer “eu te amo”.  Dizem que o amor é assim mesmo, avassalador. E com ele não foi diferente.

Oasis

sexta-feira, 2 de março de 2012 0 comentários
Eu estava cansado de caminhar, meus pés descarnados reclamavam da ausência de forças para continuar. Andando naquele deserto eu não conseguia mais me encontrar.
O mundo não era aquele mar de areia, tampouco o céu descoberto, sem abrigo.  Todos seguiam seu caminho por entre as dunas e encontravam o seu Oasis. Todos menos eu. Sozinho no mundo de pedra refinada, com a alma exposta ao sol eu vaguei. O calor alucinante, vertigem de emoção, eu já não distinguia o que falava o meu coração. Dizem que é o próprio homem que se condena a demência, quando a realidade não o satisfaz. Falam que somos nós, com o nosso descontentamento, que transformamos as mais férteis terras dos sentimentos no solo miserável de um deserto. O meu deserto.
Falar que a areia ou o calor são o motivo da minha desgraça seria mentira, já que sob as mesmas condições a vida se prolifera em abundância, entre cactos e lagartos, flores e insetos. Não, o que me condena ao caminhar incessível são as miragens que se formam para mim. Miragens com nomes, nomes de pessoas. Cada uma se mostrando mais belo Oasis que a outra. Porém, ao tentar aplacar a minha sede, percebo-me ingerindo areia. Areia que me enche de desgosto, que me faz pensar que todos os outros Oasis são também ilusões.
No deserto do amor eu não caminho, apenas vago. Vou vagando por entre as miragens, ação que com o tempo torna-se menos penosa. Mesmo sabendo que são miragens, elas se tornam mais reais, mais belas. Por vezes eu quase posso sentir o frescor da água, o sabor de uma fruta, o aroma de uma flor. Essas ilusões se tornam mais consistentes, talvez porque eu as faça assim. Talvez porque os longos anos no deserto me fizeram crer que na verdade nunca haverá de fato um Oasis. Algumas miragens me disseram ser verdadeiras fontes de água pura, e eu por momentos  de inocência acreditei. A ilusão entorpece-me os sentidos e eu me envolvo, perco-me nos delírios de um corpo quente sobre o meu. De quando em vez sinto-me sóbrio e descubro que este corpo nada mais é que a própria areia escaldante brincando sobre mim. E assimilando novamente a realidade eu me afasto rumo ao incerto.
Mesmo sem grandes mudanças de cenário, os desertos podem ser perigosos, como quando as benditas tempestades de areia vêm para fustigar a alma. São vultos, lembranças, arrependimentos. A nuvem asfixiante que se forma me faz repensar decisões, arrepender-me de não ter me entregado de corpo, alma, e sangue à última ilusão. Mas mesmo dolorosa, mesmo longa, a tempestade acaba após algum tempo. E com o céu claro sobre a minha cabeça eu consigo pensar novamente.
Não sei se de fato existe um Oasis onde eu poderei descansar os meus pés. Ainda não descobri se as pessoas que cruzaram o meu deserto já encontraram seus Oasis, ou se ainda estão perdidas atrás de miragens como eu. Estou longe de compreender se eu sou um Oasis andante, ou se sou apenas mera ilusão. Só sei que nesse deserto desolador de pensamentos conflitantes eu me encontro de pé. E com as forças que me restarem eu caminharei rumo ao que o deserto tenha me reservado. Eu vagarei até encontrar; Meu Oasis.


À sombra do amor.

quinta-feira, 1 de março de 2012 2 comentários
(um copo de água, porque essa história não me desce a garganta)

Olá amigos leitores,

hoje eu contarei para vocês um caso que ocorreu na minha vida. Não contarei muitos detalhes para não me expor, tampouco a pessoa que fez com que esse texto fosse produzido, o motivo dele. Espero que ele não fique desconexo devido a omissão de algumas coisas. A história é mais ou menos assim:

A morte do cisne.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012 0 comentários
Pedro saiu de sua casa para encontrar os seus amigos de rua. Ele saiu sem se esquecer por nenhum momento do seu amor.
Nas ruas ele era o demônio; roubava, batia, falava mal dos civis. Ele gostava de estar com sua gangue, meninos de quatorze a vinte e um anos, todos colegas de infância. Juntos já vivenciaram tantas e tantas situações intensas que já não ligavam para as consequências.
Naquela noite Pedro estava na liderança e foram para o encontro de problemas.

Renato ficou para a última aula de balé, ele teve que trabalhar até mais tarde. Após o termino de sua aula tirou sua roupa e guardou suas sapatilhas na mochila. Ele saiu da academia sem se esquecer por nenhum momento do seu amor.
Bailarino por amor, Renato nunca foi um cara muito descolado ou popular. Tinha conseguido mais que um amor, mas também uma amizade verdadeira. Não precisava de nada além disso. Sua vida era boa e ele não sentia mais vergonha em dançar. Já tinha dezessete anos e as coisas pareciam ser menos difíceis de lidar ultimamente.
Naquela noite Renato estava sozinho e a procura do conforto da sua cama.

O que eles não sabiam é que o destino havia programado um encontro para os dois, e aconteceu de que a gangue de Pedro encontrou Renato sozinho sob a fraca iluminação das ruas. Viram nele um alvo fácil para suas injurias. O bailarino entendeu o que estava para acontecer ao ver o grupo barulhento que vinha na sua direção, mas não havia muito mais o que ser feito. Ele tinha que seguir.
Os garotos abordaram o rapaz e ordenaram que ele passasse a sua mochila e abrindo-a encontraram suas coisas do balé. Nesse instante começaram as piadas. Todos riam e gritavam que o rapaz era gay, veado, entre outros nomes. Renato já havia passado por isso antes, de maneiras diferentes, ninguém compreendia que balé era uma parte de sua vida e não a sua opção sexual.
Eles empurraram o garoto que caiu no chão. Todos estavam se divertindo, todos menos Pedro. Pedro estava com uma fúria incontrolável. A idéia de que o garoto pudesse ser homossexual enojava-lhe, e desse nojo surgiu à agressão. O líder da gangue começou a bater violentamente no jovem caído no chão. Seus amigos assustaram de inicio com a brutalidade. Pedro dava socos e pontapés, gritava palavras de preconceito, dizia que gay não merecia viver.

A dança prosseguiu num embalo penoso. Os urros de dor do dançarino mostravam seu esforço. Os movimentos eram imprecisos e os espectadores estavam apreensivos.  Pedro, o dançarino das ruas, não queria provar nada, ele só queria dançar. Já o outro dançarino, o dos palcos, só conseguia pensar no seu amor.  Não queria morrer sem ver sua namorada de novo, ele a amava. E assim foi a dança por algum tempo.  Ela só terminou quando Renato ficou completamente ensangüentado e inerte ao chão. Com medo o público correu, não queriam ser presos.
O agressor ficou olhando para sua vítima no chão e uma lágrima escorreu do seu rosto. Ele também não esqueceu por nenhum momento do seu amor, o homem que ele nunca teria em seus braços.

Melhor que antes. (Papo para homens)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012 0 comentários
(um café expresso com biscoitos de nata)

Olá amigos.

Hoje eu vou falar sobre algo que eu demorei a descobrir, mas ainda sim foi antes de maiores estragos. Lembram-se de quando a gente se sente feio, ou não se sente querido, ou até mesmo fracassado nos relacionamentos? E o que sempre nos dizem não é que se nossa autoestima estiver baixa isso vai refletir e os outros perceberão. Que para sairmos deste ciclo de autopiedade temos que ser felizes com nós mesmos? Pois é, isso não é de todo errado.  Mas eu descobri que apenas olhar-se no espelho e dizer sou feio e feliz, gordo e feliz, espinhento e feliz, ou qualquer que seja o defeito ou insegurança que temos, não nos fará termos mais confiança no nosso "taco". Precisamos sim é de uma reforma geral, tanto no visual quanto na nossa percepção do mundo. Vou  dizer algumas coisas que me ajudaram muito a melhorar meus relacionamentos e minha vida social.

Para provar.

domingo, 8 de janeiro de 2012 1 comentários
(apenas um café)

Para provar, fazemos provas.
Para sermos aprovados provas fazemos.
Temos sempre que por a prova. Faça o teste!

Provamos cedo, provamos sempre.
Algumas vezes somos reprovados,
já em outras somos reprovadores.

Saber não basta, é preciso provar.
A vida e o professor nos impõem provas.
A vida não reprova, ela corrige.
O professor reprova, mas nem sempre corrige.

Se com o professor a gente cola,
com a vida nós também trapaceamos, a nós.
Com a cola a gente aprova. Mas não aprende.
A gente cola.

Ser não basta, é preciso provar.
Para provar, fazemos provas.
Viver não basta, é preciso nos provar.
Para provar, fazemos provas.
                           (Arthur Fortes)